Pelo local onde esteve originalmente implantada, bem como pela sua iconografia, estamos em crer que a estátua do Guimarães foi mandada fazer com o propósito de dar corpo a uma figura tutelar que simbolizasse a então vila de Guimarães. As fontes mais antigas que nos falam desta peça referem-se-lhe como “a figura de Guimarães” ou “o Guimarães”. A esta luz, a não ser por obra de um inusitado sentido de auto-ironia dos vimaranenses responsáveis pela encomenda da obra, resulta difícil de entender a sua interpretação enquanto representação simbólica…
O Guimarães 20 de Junho de 1877 Às 5 horas da tarde deste dia, conforme se pode ver nos jornais da localidade então existentes, "Religião e Pátria", 22.ª série, nº 23 e "Imparcial", 6º ano, nº 42, e no dia 21 como diz o padre Caldas a fl. 268 do 2.º vol. do seu "Guimarães", foi colocada no cimo do frontispício dos Paços do Concelho, depois de ter sido limpa e escudada da pintura, a figura símbolo de Guimarães, que em 11 de Agosto de 1876 havia sido apeada do velho ed ifício da Alfândega que se andava d…
Jano, do Museu do Vaticano Duas caras tem Jano (Janus), o deus romano das portas ( janua ), das entradas e saídas, dos princípios e dos fins, sendo representado com uma cabeça bifronte, com duas caras que olham em sentidos opostos. Em muitas das suas representações, uma das faces é representada com barbas, e a outra imberbe. Simboliza o passado e o futuro. Era adorado no início das sementeiras, das colheitas, nos casamentos, nos nascimentos, e em outros começos, especialmente nos começos de acontecimentos importantes na vida das pessoas. Tem u…
No ano de 1516, as gentes da governança de Guimarães enviaram ao rei uma petição suplicando meios para construir uma nova casa do Concelho. A resposta de D. Manuel I veio por um alvará de 27 de Agosto daquele ano. Na Praça Maior, ao lado da sede do poder religioso, a Colegiada, instalou-se o poder político de Guimarães. As marcas manuelinas ainda persistem nos elementos decorativos do edifício, apesar das alterações que sofreu ao longo do tempo. A estrutura da Casa da Câmara é singela, com o espaço fechado limitado ao piso superior e sus…
Um dos traços distintivos da identidade vimaranense é a sua História. Guimarães é a terra onde os portugueses se reencontram com as suas raízes. Tem um passado de que a sua gente se orgulha e que não necessita de ser adornado com elementos espúrios que não a engrandecem. Vem isto a propósito de uma carta publicada na última edição deste jornal, na qual Barroso da Fonte (BF) dá conta da sua discordância fundamental em relação a três afirmações que constam do artigo sobre a Casa da Câmara e as duas caras que se publicou nesta rubrica. Discorda…
[Continua daqui] A tradição que associa a servidão da vassoura, a que estavam obrigados os moradores de Cunha e de Ruilhe, ao comportamento da hoste de Barcelos na tomada de Ceuta, carece de base histórica (até porque, tanto quanto é possível saber-se, na conquista daquela praça marroquina não participou qualquer hoste de Barcelos…). Todavia, esta tradição tem já vários séculos de caminho. Se Alfredo Pimenta a classificou como um história da carochinha , em tempos recentes, no final do século XX, foi-lhe acrescentada uma nota suplementa…
Fotografia de Eduardo Brito A segunda cara do Guimarães , representada sobre o ventre do guerreiro, na couraça da armadura, está na origem da tradição das duas caras , apodo aplicado a Guimarães e aos vimaranenses. Esta representação não é, no entanto, um caso único. Braga também tem o seu duas caras . Trata-se de uma imponente estátua equestre, com alguns elementos iconográficos próximos do Guimarães , que está colocada num penedo onde se teria erguido a primitiva igreja do Bom Jesus, em Braga, no lugar conhecido como o Terreiro de Mois…
O Guimarães A figura que personifica Guimarães, que esteve originalmente na Casa da Alfândega (junto ao local onde está o troço de muralha em que se lê Aqui nasceu Portugal ) e que hoje se encontra em cima da antiga Casa da Câmara, na Praça da Oliveira, tem sido objecto de alguma discussão e de interpretações manifestamente erróneas que temos visto reproduzidas em publicações de entidades insuspeitas. Nos próximos dias, iremos tentar perceber um pouco melhor essa figura que está na origem do epíteto das duas caras, aplicado a Guimarães e aos v…
A fechar o seu Roteiro de Guimarães, publicado em 1923, A. L. de Carvalho dá conta dos anexins (ditos populares) que se referem a Guimarães e aos vimaranenses, deles apresentando a sua interpretação. No texto de A. L., que a seguir se transcreve, note-se a interpretação da tradição das duas caras, que era a que corria no tempo em que escrevia, onde não se encontra qualquer referência à tradição de Barcelos com que, em tempos recentes, alguns persistem em explicar um velho dito popular: ANEXINS DA TERRA " Guimarães tem uma sé sem …
Em finais de 1874, a Câmara decidiu proceder ao alinhamento das casas do lado do sul do campo do Toural com a fachada do lado terreiro de S. Francisco, o que implicou, entre outras obras, a demolição da alpendrada da alfândega do peixe, que suportava a estátua. A demolição teria início em meados de Maio de 1876. Por essa altura, a Câmara começou a estudar a possibilidade de transferir a figura do Guimarães do edifício da alfândega para os Paços do Concelho. Foi apeada no dia 11 de Agosto desse ano, tendo sido transferida para uma loja no …
No início de 2017, a Câmara Municipal de Guimarães anunciou que tinha encomendado um estudo sobre a viabilidade da instalação de um parque de estacionamento subterrâneo no Largo República do Brasil e Alameda. O resultado do estudo já foi entregue e publicado para recolha de contributos, tendo no horizonte a intenção de promover uma “discussão pública sobre o tema do estacionamento automóvel tão alargada quanto possível”. Entendendo o convite para a apresentação de sugestões, críticas e propostas, como uma manifestação de abertura democráti…
Diz o dicionário que airão é um arranjo de flores artificiais em que entram pedras finas, antigamente usado para enfeitar toucados de mulher. Também poderia designar os grandes penachos que enfeitavam capacetes ou chapéus de homem (como o que se vê na estátua do Guimarães das duas caras ). Ao que parece, a freguesia de Santa Maria de Airão absorveu uma outra, que se chamava S. Paio de Lanhas. Segundo o Abade de Tagilde, nesta freguesia existia, em finais do século XIX, um pinheiro que media cinco metros de circunferência e quarenta e…
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