Em finais de 1874, a Câmara decidiu proceder ao alinhamento das casas do lado do sul do campo do Toural com a fachada do lado terreiro de S. Francisco, o que implicou, entre outras obras, a demolição da alpendrada da alfândega do peixe, que suportava a estátua. A demolição teria início em meados de Maio de 1876. Por essa altura, a Câmara começou a estudar a possibilidade de transferir a figura do Guimarães do edifício da alfândega para os Paços do Concelho. Foi apeada no dia 11 de Agosto desse ano, tendo sido transferida para uma loja no hospício dos expostos, onde ficaria até 20 de Junho de 1877, dia em que foi erguida para o lugar onde ainda hoje se encontra, sob um pedestal que havia sido preparado previamente. A notícia, encontrámo-la numa breve do jornal Religião e Pátria de 23 de Junho de 1877:
Guimarães – Está no seu novo posto a estátua de Guimarães. Depois de escodada, para se lhe tirarem as grosseiras pinturas e douraduras que a desfeavam, foi quarta-feira de tarde içada para o cimo da frontaria dos paços municipais. Está onde deve estar.
A estátua representa um guerreiro, de feição serena e pose elegante, que enverga uma armadura medieval, segurando uma lança na mão direita e empunhando um escudo no braço esquerdo. Nas costas, caindo dos ombros até aos pés, uma capa acrescenta majestade à figura. Os laços que envolvem a cintura e os tornozelos são uma manifestação da tendência para o adorno, por vezes algo excessivo, ao gosto da época em que a peça foi esculpida. O pormenor desta figura que mais tem concentrado as atenções é o rosto que decora a couraça da armadura, sobre o ventre, que esteve na origem da tradição vimaranense das duas caras. Estamos certos de que se trata de um elemento meramente decorativo, sem simbologia particular, comparável a outros que se encontram em representações do mesmo género (não será preciso ir muito longe: basta passar os olhos pelo friso de estátuas dos reis do palácio de Vila Flor para confirmar esta ideia).
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