A questão da
suposta filiação maçónica do emblema da Associação de Socorros Mútuos Artística
Vimaranense ficou esclarecida na época. Aquele símbolo, apesar das inegáveis
similitudes com a o insígnia maçónica, apenas pretende representar as artes, no quadro das preocupações daquela colectividade (recorde-se que esta
associação mutualista nasceu para reunir todos
os indivíduos do sexo masculino, que exercendo alguma arte ou ofício, dela quiserem
fazer parte, uma vez que residam na cidade de Guimarães e seu concelho).
Mas se, como escreveu o arquitecto Nicola Bigaglia, que desenhou o emblema, há quem veja no esquadro e no compasso o
diabo, em Guimarães houve quem, no início do século XX, encomendasse o respectivo exorcismo.
Na iconografia maçónica, o esquadro e o compasso sobrepostos simbolizam a espiritualidade
e a materialidade do Homem. Aparecem, quase sempre, acompanhados pela sétima letra
do alfabeto, o G, que é associada à perfeição e à geometria. A associação
destes três elementos (esquadro, compasso e letra G) constitui o elemento mais
recorrente da simbologia maçónica, apresentando, regra geral, uma configuração
semelhante à seguinte:
Conjunto simbólico maçónico: compasso, esquadro e letra G. |
Observando
de perto, são claras diferenças que se identificam no emblema da Associação
Artística (ausência da letra G, configuração do esquadro, que aqui tem a forma
de um triângulo fechado, enquanto que no ex-libris maçónico é representado
sobre a forma de dois segmentos de recta, sendo aberto num dos lados), como se pode
ver a seguir:
Emblema actualmente existente à entrada da sede da Associação Artística (A data que aparece por baixo não corresponde à data de fundação da Associação, que aconteceu em 1869) |
Acresce que,
no emblema da Associação Artística, ao conjunto formado pelo esquadro e pelo
compasso, se sobrepõe, como se vê, um ramo de palma, cuja representação nos
remete para o culto dos mortos dos cristãos, por simbolizar o sofrimento ou o
martírio e o renascimento ou a ascensão ao reino dos céus. É por lhe ser
atribuído este duplo significado que aparece com tanta frequência nos nossos cemitérios. A sua
presença no emblema da Associação Artística faz todo o sentido, uma vez que um
dos propósitos que presidiram à criação daquela instituição foi a de
comparticipar nas despesas dos funerais dos seus sócios e no auxílio aos seus
órfãos e viúvas, preocupação comum, à época, entre as instituições de socorros mútuos.
Manifestamente,
o ramo de palma não é um símbolo maçónico. O que se existe de mais próximo na
iconografia maçónica são as folhas de acácia, que simbolizam a pureza, a
inocência e a iniciação para uma nova vida. A sua representação mais frequente
toma a forma de jóias, de que a imagem seguinte é um exemplo:
Alfinete maçónico, em ouro e âmbar, representando folhas de acácia. |
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