Festas Nicolinas: tradição e mudança (2)

Festas Nicolinas: tradição e mudança (2)

António Amaro das Neves - dezembro 09, 2013

São curiosas as afirmações acerca da decadência das festas que, há séculos, os estudantes dedicam a S. Nicolau. Este ano, há quem tenha interpretado a inclinação do pinheiro como um sinal dessa decadência (“estes já nem com máquinas o conseguem pôr de pé…”, ouviu-se). Ora, os vaticínios acerca da proximidade do fim dos tempos nicolinos são uma das constantes da tradição, como agora recordamos, onde se afirma que a festa dos estudantes “parece que caminha para o seu termo” e que foi escrito em 1858… Este texto tem particular interesse po…

Festas Nicolinas: tradição e mudança (1)

Festas Nicolinas: tradição e mudança (1)

António Amaro das Neves - dezembro 08, 2013

Pregão de 1929, recitado por um "quintanista do Liceu Martins Sarmento " Este ano a cena Nicolina andou um pouco mais tempestuosa do que o costume. Não é grande novidade: acabadas as festas, regressa a bonança, e, como diria o meu amigo Miguel Bastos, a tranquilidade e a fidelidade, até Novembro do ano que vem. A febre nicolina é como as marés vivas de Agosto. Para o ano, há mais. Entretanto, vou percebendo que há quem que as Festas Nicolinas têm donos. Donos do seu estudo, donos da sua tradição, donos, enfim, das festas. A…

Lanças ao alto

Lanças ao alto

António Amaro das Neves - dezembro 06, 2013

Toural, 6 de Dezembro de 2013

Restauração de 1640, por João de Meira

Restauração de 1640, por João de Meira

António Amaro das Neves - dezembro 01, 2013

Reflexão de João de Meira sobre ao sentido que fazia, em 1901, comemorar o 1.º de Dezembro (passando ao lado das referências datadas, facilmente se perceberá que mantém plena actualidade nos tempos que correm): É próprio de velhos entrevecidos pela gota ou pelo correr de longos anos recordar, com saudade e superabundância de adjectivos laudatórios, os tempos idos em que tinham mocidade e vida e força. Portugal assim é, notamo-lo com mágoa, ao deslizar de cada novo ano, quando o primeiro de Dezembro chega e com ele a retórica do…

Carta às senhoras de pura e fina raça, escrita pelo Diabo

Carta às senhoras de pura e fina raça, escrita pelo Diabo

António Amaro das Neves - novembro 28, 2013

A entrega das maçãs (foto de Guimarães2012 ) Em 1898, João de Meira, então com 17 anos de idade, fundou em Guimarães A Parvónia,  um jornal de arte e crítica , que deu que falar, pela sua irreverência. Dele já aqui falamos , e a ele voltaremos. Para já, aqui fica um texto de  A Parvónia , em que, assinando com o nome do demo, João de Meira se dirige às moças de Guimarães, para lhes dar um par de conselhos, entremeados por trechos de pregões de Bráulio Caldas e de versos de académicos de inspiração inflamada. Carta a Vós senhor…

João de Meira, escritor

João de Meira, escritor

António Amaro das Neves - novembro 27, 2013

Pergunta-me um amigo se as Memórias de Araduca entraram novamente em hibernação. Não. O que acontece é que por estes dias me tenho dedicado a ler tudo o que escreveu João de Meira e tudo o que encontro que se escreveu sobre João de Meira (em parte a reler, em parte a descobrir, porque, afinal, João de Meira escreveu muito mais do que aquilo que normalmente lhe tem sido atribuído). João de Meira foi, em Guimarães, a inteligência mais luminosa da sua geração. Destacou-se como médico e professor de medicina, mas foi, acima de tudo, u…

A morte da Menina do Costeado, por João de Meira

A morte da Menina do Costeado, por João de Meira

António Amaro das Neves - novembro 10, 2013

Portal da Casa do Costeado (fotografia da colecção da associação Muralh a) Da história trágica da Menina do Costeado, já se falou aqui ( O mistério da morte da Menina do Costeado ), usando como fonte, essencialmente, o testemunho de um contemporâneo, o Cónego Pereira Lopes. Hoje revisitamos o crime que a vitimou, pela pena de João de Meira, num texto que publicou em 1906 no jornal Independente . Velho crime Ao exmo. snr. Valentim de Sá Meneses Na noite de 4 para 5 de Maio de 1841, que foi uma noite esplendorosa de luar primaver…

Subsídios para a compreensão do conflito entre Braga e Guimarães (10)

Subsídios para a compreensão do conflito entre Braga e Guimarães (10)

António Amaro das Neves - novembro 08, 2013

Sala do Teatro-Circo do príncipe Real, Porto (actual Teatro Sá da Bandeira). Imagem do Arquivo Municipal do Porto [ continua daqui ] Na sua edição de 22 de Maio de 1881, o jornal O Formigueiro comentava o completo desprezo com que Braga pagou a desfeita da companhia do Teatro do Príncipe Real, quando, em Maio de 1881, chegou a Braga depois de ter passado por Guimarães:     O Pedantismo de Braga Ou pedantismo ou pulhismo que escolham os bracarenses a quem nos vamos referir. De há muito que ouvíamos falar em umas rivalidade…

Subsídios para a compreensão do conflito entre Braga e Guimarães (9)

Subsídios para a compreensão do conflito entre Braga e Guimarães (9)

António Amaro das Neves - novembro 07, 2013

[ continua daqui ] Os vimaranenses da segunda metade do século XIX queixavam-se do muito que pagavam para o orçamento distrital e do nada que recebiam em troca. Mas havia outras razões para o desconforto. Entre elas, a sobranceria com que Braga assumia a sua condição de capital do distrito. Relatamos agora um episódio sucedido na Primavera de 1881, durante  uma digressão pelo Minho da companhia residente do Teatro-Circo Príncipe Real (o mesmo que, depois de 1910, passaria a ser designado por Teatro Sá da Bandeira), que começou em Gui…