[continua daqui]
Os vimaranenses da segunda metade do século XIX queixavam-se do muito que pagavam para o orçamento distrital e do nada que recebiam em troca. Mas havia outras razões para o desconforto. Entre elas, a sobranceria com que Braga assumia a sua condição de capital do distrito. Relatamos agora um episódio sucedido na Primavera de 1881, durante uma digressão pelo Minho da companhia residente do Teatro-Circo Príncipe Real (o mesmo que, depois de 1910, passaria a ser designado por Teatro Sá da Bandeira), que começou em Guimarães. Para os espectáculos realizados em Guimarães foi construído um novo teatro-barracão na rua de Gil Vicente. No dia 12 de Maio, saiu de Guimarães, depois de três récitas, com a promessa de regressar no dia 23, para mais quatro dias de espectáculos, estes no Teatro D. Afonso Henriques. A companhia seguiu para Braga onde foi recebido com inusitada frieza. Os bracarense não lhe perdoaram a desfeita de ter vindo em Guimarães antes de passar a Braga. A soberba e orgulhosa Braga não prescindia das suas prerrogativas de cabeça de distrito.
Os vimaranenses da segunda metade do século XIX queixavam-se do muito que pagavam para o orçamento distrital e do nada que recebiam em troca. Mas havia outras razões para o desconforto. Entre elas, a sobranceria com que Braga assumia a sua condição de capital do distrito. Relatamos agora um episódio sucedido na Primavera de 1881, durante uma digressão pelo Minho da companhia residente do Teatro-Circo Príncipe Real (o mesmo que, depois de 1910, passaria a ser designado por Teatro Sá da Bandeira), que começou em Guimarães. Para os espectáculos realizados em Guimarães foi construído um novo teatro-barracão na rua de Gil Vicente. No dia 12 de Maio, saiu de Guimarães, depois de três récitas, com a promessa de regressar no dia 23, para mais quatro dias de espectáculos, estes no Teatro D. Afonso Henriques. A companhia seguiu para Braga onde foi recebido com inusitada frieza. Os bracarense não lhe perdoaram a desfeita de ter vindo em Guimarães antes de passar a Braga. A soberba e orgulhosa Braga não prescindia das suas prerrogativas de cabeça de distrito.
No jornal Imparcial,
encontrámos o relato da passagem da companhia do Teatro-Circo do Príncipe Real pelo
Minho, em Maio de 1881:
Teatro
Depois de bastante tempo de interrupção no teatro
de D. Afonso Henriques, houve por bem a companhia do Príncipe Real, do Porto,
vir obsequiar-nos com alguns espectáculos do seu variado reportório, e dos
quais já nos temos ocupado em vários números do nosso jornal.
Primeiramente abriu uma assinatura de 3
récitas, a qual foi prontamente fechada, representando-se em três noites
sucessivas A morta do Azinhal, O Doutor
Piccolo e os Dragões de El-rei, espectáculos estes que satisfizeram a
vontade dos bons vimaranenses, ávidos por coisas boas, e sempre generosos para
quem lhas proporciona. Daqui seguiu a empresa para a vizinha capital do
distrito, - a soberba e orgulhosa Braga -, onde foi recebida com frieza tal,
que só assistiram ao espectáculo que havia anunciado meia dúzia de sujeitos, e
estes somente para anunciarem à companhia que os seus compatriotas estavam despeitados com ela, por haver cometido a feia
imprudência de visitar Guimarães primeiro do que a velha terra do Pópulo!
- Horrendo crime! Preferir Guimarães à terceira
cidade do reino! Esquecer que é ali a residência do Primaz das Espanhas!
Isso, em verdade, foi uma daquelas desconsiderações que não podem nem devem
obter perdão!... etc. e tal.
Em virtude do que a empresa se retirou
imediatamente para o Porto, onde se demorou até ao dia 23 do corrente, em que novamente
se apresentou nesta tão nobre, heróica e populosa como modesta cidade, para
mimosear-nos com mais 4 belas noitadas, passadas o mais agradavelmente
possível, ouvindo os melífluos gorjeios de Irene Manzoni, Améia Garraio,
Wannimel, e outras, apreciando as garridas músicas de Offenbach, Robert
Planquet, Hervé, ets., que a bem afinada orquestra de Alves Rente tanto fez
sobressaírem, e admirando os merecimentos cénicos de Gama, Foito, Firmino e
Abel, que na Perichole, Sinos de
Corneville, Dragões de el-rei e
Conspiradores na Corte nos têm mostrado, especialmente Gama, quanto pode o
estudo e a inteligência no homem que deseja ser actor
Gama, assasmente conhecido no nosso teatro, nos Sinos, arrebatou todos os espectadores.
Não se pode desejar mais, nem é crível que possa alguém excedê-lo nas últimas
cenas do Gaspar. Conquistou nelas um entusiasmo, como não nos recordamos ver
aqui, sendo-lhe oferecidos alguns ramos de flores.
Manzoni também é uma actriz distinta, e Amélia Garraio
tem o seu nome bastante vulgarizado.
Wannimel, Foito, Firmino, Abel, e os demais
actores, contribuem maravilhosamente para classificar esta companhia como uma
das melhores do país.
Os fatos são elegantes e alguns ricos.
As enchentes têm-se contado pelas
representações.
Hoje é o espectáculo de despedida, subindo à
cena a Senhora Angot.
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