Mosteiro de S. Torcato |
Para a compreensão do
antagonismo entre Guimarães e Braga, têm que ser mobilizados diferentes níveis
de informação. Durante séculos, a rivalidade tinha a ver com questões de
jurisdição religiosa, manifestando-se, essencialmente, nas disputas entre o
Cabido de Guimarães e o arcebispo de Braga, em que o primeiro recusava a
autoridade que o segundo lhe pretendia impor. Só bem entrado o século XIX é que
as clivagens passaram a ter uma vertente civil, digamos assim, por se terem estabelecido
vínculos hierárquicos e de dependência entre os dois concelhos, que até então nunca
tinham existido.
Até ao século XIX, a
rivalidade entre Guimarães e Braga estava confinada ao território eclesiástico.
As divergências resultavam, sistematicamente, de conflitos de jurisdição religiosa.
Os clérigos vimaranenses recusavam-se a acatar a obediência ao arcebispo de Braga.
São bem conhecidos vários episódios da contenda entre a Sé de Braga e o Cabido
da Colegiada de Guimarães, desde os tempos da fundação da nacionalidade. No
entanto, a rebeldia contra a autoridade do arcebispo bracarense não era
exclusiva dos cónegos de Guimarães. Basta lembrar que, no início do século
XIII, o papa Inocêncio III já havia sido chamado a arbitrar uma disputa entre o
arcebispo de Braga e os priores dos mosteiros da Costa e de S. Torcato, que se
recusavam a obedecer ao prelado da sua diocese, por não lhe reconhecerem
autoridade sobre os seus mosteiros
Como já se escreveu
aqui,
O conflito entre a
Colegiada de Guimarães e o Arcebispo de Braga acerca da jurisdição eclesiástica
a que estava obrigada aquela corporação vimaranense é, pelo menos, tão antigo
como Portugal. A primeira concordata entre a Sé de Braga e o Cabido de
Guimarães data de 23 de Outubro de 1216 e foi confirmada por Bula do Papa
Honório III, dada em Latrão no início do ano seguinte e reconfirmada pelo papa
que se lhe seguiu, Gregório IX. Até aí, a Colegiada de Guimarães não pertencia
a nenhuma diocese, tendo ficado com algumas sujeições ao Arcebispo de Braga, a
cujo acatamento os de Guimarães foram sempre arredios.
A história das divergências entre a Colegiada e o arcebispo arrasta-se pelos séculos adiante, com inúmeros episódios, nem todos de grande elevação. Todavia, esta disputa, podendo ter contribuído com alguns argumentos, não explica a rivalidade entre os dois principais concelhos do Minho.
[continua]
Informações mais detalhadas sobre as
divergências entre os clérigos de Guimarães e o arcebispo de Braga podem ser encontradas nos seguintes textos:
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