A província do Minho, segundo Adrien Balbi (Essai Statistique sur le Royame de Portugal, Tomo I, 1822, p. 192) |
Sendo certo que os
primeiros sinais de divergência entre Guimarães e Braga se manifestaram no
território da jurisdição religiosa, é ao nível da organização administrativa e
política que vamos encontrar a raiz do fenómeno.
Nos primeiros tempos da
monarquia portuguesa, manteve-se o modelo de organização administrativa do
território herdado do reino de Leão. O país dividia-se em terras ou
territórios, que estavam sob a alçada de terratenentes ou condes.
No século XV, o território
de Portugal foi dividido em seis comarcas (Trás-os-Montes, Entre-Douro-e-Minho,
Beira, Estremadura, Entre-Tejo-e-Odiana, Reino do Algarve). Guimarães ficava na
comarca de Entre-Douro-e-Minho, que fazia fronteira com o Douro, a Sul, e o
Tâmega, a Este. Não havia, do ponto de vista administrativo, qualquer relação
hierárquica ou de dependência entre os concelhos que integravam as comarcas.
Cada comarca era dirigida por um representante do rei, que era simultâneamente
magistrado administrativo e judicial (começaram por se chamar tenentes, depois
meirinhos-mores e, por fim, corregedores).
No final da Idade
Moderna, o território português estava dividido, do ponto de vista
administrativo, em Províncias (que correspondiam, quanto ao território, às
antigas comarcas e apenas funcionavam para fins estatísticos e militares, por a
cada uma corresponder a um comando territorial, entregue ao governador de armas
da província) e comarcas, onde o poder central era representado pelo
corregedor, de nomeação régia. O território estava dividido em seis províncias,
e Guimarães incluía-se na Província de Entre-Douro-e-Minho, que, por sua vez,
era composta por sete comarcas (Valença, Viana, Braga, Barcelos, Guimarães,
Porto, Penafiel), sem qualquer relação hierárquica ou de dependência entre
elas.
Em 1736, compunham a comarca
de Guimarães quatro vilas (Amarante, Canaveses, Guimarães e Póvoa), vinte
concelhos (Aguiar, Atei, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Felgueiras,
Gestaço, Gouveia de Riba Tâmega, Ermelo, Lanhoso, Mondim, Montelongo, Ribeira
de Pena, Ribeira de Soajo, Roças, Santa Cruz de Riba Tâmega, S. João de Rei,
Serva, Vieira, Vila Boa de Roda e Unhão), catorze coutos (Abadim, Fonte Arcada,
Mancelos, Moreira de Rei, Parada de Bouro, Pedraído, Pombeiro, Pousadela, Refojos
de Basto, Taboado, Tibães, Tuas e Vimeiro), quatro honras e um julgado.
Em 1801, segundo a
descrição de Adrien Balbi (Essai Statistique sur
le Royame de Portugal, Tomo I, 1822, p. 192), a comarca de Guimarães era
composta por 27 concelhos, 247 paróquias e por 34.111 fogos. A sua população
total era de 139.040 habitantes. Já a comarca de Braga era formada por 19
concelhos, 76 paróquias, 11.873 fogos e tinha uma população total de 48.910
habitantes. Não existia qualquer relação de dependência político-administrativa
entre ambas as comarcas. Também não há relatos da ocorrência, naquela época, de manifestações de rivalidade entre Guimarães e Braga.
[continua]
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