A Praça da Oliveira: um problema de perspectiva


Um texto aqui publicado há dias saiu ilustrado pela seguinte gravura, representando parte do largo da Oliveira, com o Padrão em primeiro plano:



Esta litografia foi publicada em 1839 na obra Scenery of Portugal and Spain, de George Vivian. Na década de 1920, foi inserida na obra O Labor da Grei, alusiva à Exposição Industrial e Agrícola de Guimarães, realizada em 1923.

 
Uma réplica desta ilustração, mais esquemática, foi publicada em 1840 na revista Panorama:



 
Confesso que estas gravuras sempre me intrigaram, por mostrarem, à esquerda, um edifício que não consigo identificar. Todavia, olhando agora com um pouco mais de atenção, é possível perceber que tem vários pormenores errados. O principal, afinal, salta aos olhos: tanto a imagem original, como a réplica, estão invertidas. Rodando a imagem horizontalmente, fica a ver-se o seguinte:


 
O tal edifício que aparecia à esquerda, e que agora está no lado oposto, é a torre da Colegiada. É verdade que aquelas duas portas que estão na sua base são uma criação do artista (o que lá existe é uma janela rectangular com grades de ferro). A gárgula que aparece na parte superior da esquina visível não deixa dúvidas. A oliveira não aparece. As casas com arcos que se vêem ao fundo situam-se no lado da praça virado para poente, fronteiro à igreja (tal como ainda hoje acontece no topo virado a Sul, as casas daquela face da praça também eram alpendradas).

 
O ângulo que nos é mostrado na gravura é, também ele, uma recriação do artista, porque nenhum local da praça permite observá-la daquela perspectiva. O mais aproximado que se consegue é algo como o que se vê na fotografia seguinte: 

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