A rosácea gótica, supostamente existente, no ano de 1844, a encimar o pórtico da Igreja da Colegiada, e que se pode observar na gravura que ilustra a visita a Guimarães naquele ano de H. G. Kingston, publicada no primeiro volume do livro de viagens Lusitanian sketches of the pen and pencil, apenas existiu na imaginação do seu autor. Sabemos que janela maior, redonda, foi mandada rasgar em visitação à Colegiada de meados do século XVI e que o D. Prior D. Diogo Lobo da Silveira mandou abrir, em 1665, "duas frestas no coro de cima, ovadas com suas vidraças".
Em 1830 a igreja foi objecto de obras profundas, havendo entre os historiadores vimaranenses alguma inclinação para atribuir a essa reforma a destruição da janela, com a sua rosácea, que lá existiria. A verdade é que, quando essas obras se iniciaram, já o janelão da Colegiada tinha a configuração que lhe conhecemos até ao restauro da década de 1970, como se confirma o Rev.º Kinsey, num livro publicado em Londres em 1828:
Acima do arco está uma janela nobre, enriquecida com escultura, aparentemente da idade e do estilo das janelas da igreja de S. Tiago, em Dieppe; mas o centro da janela foi emparedado e novamente perfurado para abrir quatro pequenas janelas redondas, cujo efeito é muito ruim.
W. M. Kinsey, Portugal illustrated in a series of letters, Londres, 1828, p. 297
O que Kingston viu, em 1844, foi, mais ou menos o que se pode ver na pintura reproduzida acima. A tal rosácea, nunca existiu. Mas ficava lá bem...
0 Comentários