[Continua daqui.]
Como
vimos, o cruzeiro da Praça da Oliveira foi colocado no local onde
hoje se encontra no dia 8 de Setembro de 1342, tempo em que D. Afonso
IV reinava em Portugal. Foi mandado buscar à Normandia por Pedro
Esteves, comerciante vimaranense, devoto de Santa Maria de Guimarães,
então comerciante em Lisboa. Tal como tantos outros monumentos,
quando foi levantado não tinha nome. Era, simplesmente, o padrão
que estava ao pé da oliveira. Reza a tradição que, três dias
depois de ter sido inaugurado o padrão, a velha oliveira, que estava
seca, voltou a renascer. Milagre
– disse o povo, que logo associou o acontecimento ao cruzeiro,
assim como os 44 prodígios que ali começaram a acontecer um mês
depois da erecção do padrão e se prolongaram até 27 de Março do
ano seguinte, tendo sido registados por um tabelião no manuscrito
que ficou conhecido como o Livro de Milagres de Nossa Senhora de Oliveira,
publicado e estudado pela investigadora Célia Cristina Fernandes.
Como
tantos outros monumentos, quando nasceu, não tinha nome próprio
(como acontecia, por exemplo com o castelo: embora por vezes apareça
designado como Castelo de S. Mamede, é, simplesmente, o Castelo e,
para o distinguir de todos os outros castelos, deu-se-lhe o nome do
local onde está implantado, Guimarães – Castelo de Guimarães).
Nos documentos mais antigos, nomeadamente os que falam da festa do
Pelote, o monumento é geralmente designado como o Padrão, ou o
padrão que está fronteiro à igreja, ou o padrão que está
ao pé da Oliveira.
Depois
da Batalha de Aljubarrota, foi colocado um altar evocativo de Nossa
Senhora da Vitória no interior do templete gótico que cobre o
cruzeiro e o Padrão passou a ser o local de evocação de D. João I
e de celebração da vitória da Batalha de Aljubarrota.
Numa
visitação à igreja da Colegiada, realizada em Setembro de 1538, o
Arcebispo de Braga de Braga designa-o como o Padrão que se
chama de Santa Maria.
Num
documento de 1645, é referido, por duas vezes, como o padrão da
dita oliveira.
O
Padre Torcato Peixoto de Azevedo, nas suas Memórias
Ressuscitadas da Antiga Guimarães, chama-o de várias
maneiras: Padrão da Senhora da Vitória, Padrão da Senhora,
Padrão da Vitória, Padrão da dita Oliveira.
Nos
séculos que se seguirão, será designado, quase sempre, por Padrão
de Nossa Senhora da Vitória. Foi com essa designação que, a 30
de Dezembro de 1880, a Real Associação dos Arquitectos Civis e
Arqueólogos Portugueses aprovou a sua classificação como monumento
histórico de 2.ª classe. No século XIX, começam a chamá-lo
também de Padrão de Nossa de Senhora das Vitórias,
designação que ganhará força ao longo da primeira metade do
século XX.
Em
1949, no decreto que o classifica como Monumento Nacional, não se
lhe dá nome, descrevendo-o como um padrão comemorativo da
batalha do Salado, em Guimarães. A partir das décadas
seguintes, irá generalizar-se a designação de Padrão do
Salado.
Não
tendo nenhum, muitos nomes tem tido este padrão: Padrão de Santa
Maria, Padrão da dita Oliveira, Padrão da Senhora da Vitória,
Padrão da Senhora das Vitórias, Padrão da Senhora, Padrão da
Vitória, Padrão do Salado. À luz da História e da tradição, por
qualquer um deles pode ser chamado, menos por um: Padrão do Salado,
porque não foi levantado para comemorar a Batalha onde Afonso IV
ganhou direito ao cognome de o Bravo, nem alguma vez tal batalha
ali foi comemorada. Nem na História, nem na tradição se encontra
qualquer elo de ligação entre o padrão da praça da Oliveira e o
recontro do Salado, para além da proximidade temporal.
Ora,
se não tem nome próprio, nada mais natural do que designar o Padrão
pelo nome do lugar onde está instalado, o que nem sequer seria uma
inovação. Já muitos o chamam assim. E, vendo bem, já assim era
chamado nos documentos que o designavam como o padrão da dita
oliveira.
Padrão
da Oliveira.
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