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Aurélio Paz dos Reis (1862-1931) |
As Festas Gualterianas de 1907 mereceram uma reportagem fotográfica na
revista Ilustração Portuguesa, que agora se republica.
Trata-se de um conjunto de 15 fotografias que
já antes tinham sido mostradas aqui, sem indicação do fotógrafo, que não estava
identificado na fonte de onde as imagens foram extraídas. O autor das
fotografias é Aurélio Paz dos Reis, o pioneiro do cinema em Portugal, que,
aliás, aparece na imagem que aqui vai com o n.º 7, Capela onde se baptizou D. Afonso Henriques, com o filho Homero. Na fotografia n.º 9, Uma
barraca de refrescos,
são identificáveis os filhos Homero e Horácio. Devo estas informações a Aida
Freitas Ferreira, do Centro Português de Fotografia (que tem no seu arquivo o
fundo de Aurélio Paz dos Reis), a quem agradeço.
As Festas Gualterianas em Guimarães
S. Gualter é santo de
particular devoção em Guimarães, que todos os anos o festeja com entusiasmo.
É de saber que o santo era
filho da nossa terra e pertenceu ao convento de S. Francisco do Monte, em Viana,
onde morreu no último quartel do seculo XVI. Era simples leigo, mas bom teólogo,
segundo afirma o Hagiológio Lusitano
do padre Cardoso. Além disso, tinha “celestiais êxtases”, e recebeu até revelação
do seu trânsito, porque três dias antes do passamento mandou preparar a própria
sepultura, a qual quis experimentar várias vezes, metendo-se sempre nela com
evidente satisfação e grande alegria. Quando achou afinal bem afeiçoado o
leito, acomodou-se nele definitivamente, proferindo estas últimas palavras, conforme
a versão do seu citado biógrafo: “Pelejado hei, Senhor, como bom cavaleiro,
seguido hei vosso estandarte. A vós devo tudo, e a vós, Senhor, o torno. Vamos,
Senhor, vamos a gozar desses bens que prometestes aos que bem pelejassem.” E
adormeceu serenamente na morte, com a calma da fé daquelas tempos.
No grande exército que forma
a coorte dos santos da igreja católica, S. Gualter não representa uma personalidade
de grande evidência mundial, e os Bolandistas não lhe consagram mesmo detida escritura;
mas para nós, seus compatriotas, é natural o têrmo-lo em especial conta, tanto
mais que os santos nados no solo português não são em grande número. Até,
comparados com os navegadores da nossa epopeia, formam uma minoria escassa,
parecendo que o terreno nacional foi mais prolífico de heroísmo do que de
santidade.
Seja como for, o certo é que
S. Gualter merece a especial predilecção de Guimarães, a importante cidade
industrial do Minho, que anualmente o comemora com tradicionais festas
populares, a que desta vez imprimiu um excepcional brilhantismo, fazendo
coincidir com elas uma imponente festa da cidade, promovida pela sua Associação
Comercial. Compreenderam, por isso, as festas gualterianas deste ano feiras de
gado cavalar e bovino, o arraial costumado, tourada, exercícios e retraite de bombeiros, tiro aos pombos, concerto
pela banda da guarda municipal de Lisboa, vistosas iluminações, todo o grande
aparato de uma verdadeira festa local, a que não faltou sequer a comparência de
Sua Majestade El-Rei em um dos seus dias de mais intenso movimento.
Escusado será acentuar a
intuitiva conveniência de que nas outras terras portuguesas em que têm
sobrevivido as festas antiquadas do povo, o belo exemplo dado por Guimarães seja
seguido.
Ilustração
Portuguesa, n.º 81, de 9
de Setembro de 1907, pp. 342-344
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1. A comissão de remonta medindo um cavalo |
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2. Jardim do Toural |
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3. Velho castelo |
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4. Grande Hotel do Toural |
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5. Largo D. Afonso Henriques |
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6. Um janelão original. |
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7. Capela onde se baptizou D. Afonso Henriques. |
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8. Claustro de Nossa Senhora da Oliveira |
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9. Uma barraca de refrescos |
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10. Manuel Casimiro e filho na ida para a corrida |
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11. Bancada de sombra (esquerda) |
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12. Bancada de sombra (direita) |
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13. Estátua de D. Afonso Henriques |
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14. Toural |
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15. Campo da Feira |
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