6 de Maio de 1387
Principia a sumptuosa restauração, nova edificação do templo, da Insigne
e Real Colegiada, por mandado de El-rei D. João I, em acção de graças a Santa
Maria da Oliveira, por ter alcançado a vitória de Aljubarrota. - Vide a
inscrição lapidar na frente da igreja.
(João Lopes de Faria, Efemérides Vimaranenses, manuscrito da
Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II, p. 121v)
No espaço onde hoje está a Colegiada, existiu primitivamente
um mosteiro medieval, fundado na primeira metade do século X. Foi instituído,
ao fundo do Monte Latito, pela viúva do conde Hermenegildo Gonçalves, a
Condessa Mumadona Dias. Era um mosteiro dúplice, por acolher religiosos de
ambos os sexos. Nele se recolheu Mumadona, aí terminando os seus dias. Com a
proibição dos mosteiros dúplices, ao entrar do último quartel do século XI, as
freiras abandonaram o recolhimento, que passaria a ser exclusivamente
masculino. Segundo a tradição, ter-se-ia tornado Colegiada por acção de D.
Afonso Henriques, após a Batalha de Ourique (1139).
Com a condição de capela real, seria protegida pelos reis de Portugal, seus
padroeiros e juízes perpétuos da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira,
recebendo privilégios e imunidades. O seu Prior era de nomeação régia, recaindo
a escolha, por regra, numa pessoa da mais alta nobreza. D. João I foi o rei que
mais favoreceu a Colegiada de Guimarães.
Os religiosos da Colegiada terão deixado de viver em
comunidade durante o XIII,
passando a morar em casas próprias e a receber uma renda anual, a prebenda,
resultante da partilha dos rendimentos da Colegiada.
Foi à volta deste mosteiro que nasceu a Vila Baixa ou Vila
Nova de Guimarães, como contraponto à Vila Velha, que se situava no interior de
um circuito amuralhado que circundava o Castelo.
O templo original foi sofrendo, ao longo dos séculos,
diversas intervenções de construção e de restauro, que lhe deram a configuração
que observamos nos dias de hoje. A intervenção mais profunda, iniciada no último quartel do século
XIV, foi a que ocorreu durante o reinado de D. João I, que
assim cumpriu o voto que fizera em Aljubarrota. O seu arquitecto
seria João Garcia, de Toledo. Nestas obras, que se prolongaram pelo século XV
adentro, a igreja cresceu, estendendo-se por parte do antigo claustro.
Iniciaram-se no dia 6 de Maio de 1387.
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