As poesias de António Lobo de Carvalho (15)


Enviando ao mesmo Conde um registo de S. Brás, que este fidalgo lhe pedira.




A estampa do fiel mártir de Cristo
Vai, senhor, no seu dia competente;
Que um fidalgo que tem mesa de gente
Com São Brás deve sempre andar bem quisto

Mas eu, que vezes mil me tenho visto
Sem ter mais que engolir que o ar ambiente
Inda quando algum nicho o põe patente,
Nem lhe rezo, nem beijo o seu registo:

Louve-o lá quem quiser, a acção é santa;
Mas quanto a mim, o homem que jejua
É o mártir maior que a Igreja canta:

Nem mo trate de herege a voz comua;
Que aquele que não dá uso à garganta,
Que lhe importa São Brás? Coisa nenhua.


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