Apontamentos sobre o feriado municipal de Guimarães (2)

Cartaz do 24 de Junho de 2011, por Vasco Carneiro Bastos

[continua daqui]

As festividades do 24 de Junho, em Guimarães, assinalaram, durante a maior parte do século XX, mais a festa popular de S. João do que a Batalha de S. Mamede. Desde a década de 1930, com raras excepções, o dia 24 de Junho foi assinalado com uma cerimónia religiosa na Capela de S. Miguel do Castelo. Em 1970, a celebração de S. Mamede foi mais luzida, contando com a participação do Presidente da República, Américo Tomás. Dias depois, nas páginas do Notícias de Guimarães, defendia-se “a necessidade de se rodearem estas comemorações da magnificência que a sua importância histórica justifica, dando-lhes um carácter mais concernente com o significado de tal evento, a que se deveria associar também toda a população da nossa região, que legitimamente se orgulha da sua condição de natural da cidade Berço da Pátria”. Por essa altura, já a Câmara tinha dado conta ao Governo da sua vontade de que o 24 de Junho passasse a feriado municipal.

No dia 24 de Junho de 1972, escrevia-se no mesmo jornal: 

Quanto à legislação que regula o estabelecimento dos feriados municipais, pouco sabemos. Somos, na emergência, quase ignorantes, o que nada nos custa confessá-lo. Mas quanto a tal data festiva devida a todos os Concelhos, sabemos pelo menos, até por que a efeméride atrás referida o confirma, que, durante alongados anos, com ela ornamos, justificadamente, o Fundador do Teatro Português. Razões, com certeza, houve para que tanto deixasse de acontecer. É que se não admite a perda de certificado abonatório da tão contestada naturalidade do autor do “Auto da Alma”, sem motivo que bem o justificasse.

O certo, porém, é que o nosso Concelho não tem, ao presente, o seu Feriado Municipal. Porquê, já que tantas terras o usam com justificações da mais diversa ordem? A resposta, necessariamente, não nos cabe. E, se calhar, até não existe de modo a aceitar-se. Parece-nos, entretanto, que outro melhor dia não haverá para consumar tal comemoração do que este em que todo Portugal olha para Guimarães, venerando o nosso feito de antanho, a reconhecer que AQUI NASCEU A PÁTRIA. 

A primeira vez em que o 24 de Junho foi feriado municipal de Guimarães aconteceu em 1974, após a instauração da democracia em Portugal. Mas só a partir de 1983, ano em contaram com a presença do Presidente da República Ramalho Eanes, é que as comemorações da Batalha de S. Mamede se começaram a aproximar da solenidade que hoje lhes conhecemos.

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5 Comentários

Há uma data com gralha: em vez de 190 devia estar...
Obrigado pela chamada de atenção. As gralhas são um bicho daninho, porque tem o poder de se tornarem invisíveis aos olhos de quem as escreve. Falta um 7 (1970). Vou corrigir.
Silvestre Barreira disse…
A proposta para que dia 24 de Junho fosse nferiado municipal, foi feita pela CMG, sendo seu Presidente António Araújo Abreu.
Informação dada pelo própria em entrevista oa PG.
Um abraço
Silvestre,

Obrigado pela achega.

Não consegui encontrar, até agora, a proposta de designação do 24 de Junho, dia da Batalha de S. Mamede, para feriado municipal. Aliás, não foi fácil encontrar elementos que permitissem traçar a história do feriado municipal de Guimarães. Sei, por fonte indirecta, que a proposta da Câmara de criação do feriado municipal a 24 de Junho será de 1970, desde logo, como dizes, em mandato de Manuel Bernardino Araújo Abreu. Ainda não encontrei nada sobre a decisão que estabeleceu esta data. Apenas sei, também por fonte indirecta, que a primeira vez que foi respeitada foi em 1974.
Anónimo disse…
fantastico o cartaz, o profesor vasco e um genio