Já conhecia outra versão do vídeo que vai aí acima, que me chegou agora por correio electrónico, editada por mão amiga que assim quis dar o seu contributo para a discussão em curso acerca do envolvimento (ou da sua falta) dos cidadãos na construção da Capital Europeia da Cultura. Para o legendar, não conheço melhor texto do que o que o meu amigo Fernando José Teixeira escreveu, recuperando as suas memórias de infância. Aqui fica:
A reconstrução da tourada
Um dos episódios mais marcantes da minha meninice, que vive na memória dos vimaranenses, foi o do incêndio da Praça de Touros. Já lá vão mais de 60 anos: como o tempo passa! Aconteceu na madrugada de segunda-feira, dia 29 de Julho de 1947. A minha memória retém alguns pormenores, e desses, a maioria refere-se ao ambiente que então se viveu no Toural, onde se ouvia o carrilhão da torre da basílica de S. Pedro tocando vezes sem conta o "Hino da Cidade", galvanizando a população, coadjuvado pela cabina de som, através da qual se faziam apelos insistentes pedindo a colaboração de todos os vimaranenses para que, nos poucos dias que faltavam para as Festas Gualterianas, se levantasse uma nova Praça de Touros.
Essa cabine do som, dirigida por José Abílio Gouveia, desempenhou um papel fundamenta na epopeia que se viveu. E os obreiros foram abastecidos de tudo o necessário: madeiras, maquinaria, géneros alimentícios, tudo. Como escreveu o “Notícias de Guimarães” de 3 de Agosto:
“Dezenas e dezenas de veículos estiveram nestes cinco dias ao serviço de Guimarães. Pelos alto falantes da “Cabina de Som” pedia-se um carro para um serviço e ele aparecia imediatamente; pedia-se gasolina, ferramentas, um motor, qualquer coisa, enfim, e seria desnecessário pedir segunda vez...Os alto falantes trabalhavam todo o dia. Até um conhecido professor, pessoa de responsabilidade no meio, querendo também comparticipar do esforço heróico da gente da terra, se prontificou a substituir durante dois dias seguidos um locutor que estava já exausto...”
O Toural, nesses dias mágicos, foi o centro de operações pois tudo por lá passava: as ofertas dos ricos e dos pobres, as grandes e as pequenas coisas que iam faltando para que a obra se desenvolvesse em entraves. Por isso, o Toural regurgitava de gente, como se fosse manhã de domingo: todos queriam estar presentes e ver com os próprios olhos o milagre da vontade do nosso povo.
Quando recordo essas tardes, parece-me ouvir nos alto-falantes do Toural, além dos pasodobles anunciadores das touradas, e julgo ver, ao pé do Abreu dos Linhos, o homem dos sorvetes a aviar os seus barquinhos de gelado com um gostinho a baunilha que ainda sinto na boca. E recordo nitidamente a passagem dos táxis pelo Toural, vindos da Pensão de Guimarães, em Trás-os-Oleiros, das cuadrilhas, em traje de luces, que iriam actuar na nova praça de touros que os vimaranenses criaram em meia dúzia de dias...
[Fernando José Teixeira, Histórias à volta do Toural, Guimarães, 2008, págs. 160-161]
4 Comentários
http://de-guimaraes.blogspot.com/2011/05/negociata.html
Li o que está escrito no post para que aponta o comentário acima. Aquilo fede. Vi que aparece uma referência ao presidente da SMS, que é o senhor. Pelo que percebi, é capaz de ter como ajudar a esclarecer e a denunciar esta situação, porque estará po dentro do assunto em porque a sua voz é ouvida. Não vai dizer nada?
NO sítio para onde aponta o primeiro comentário, diz o seguinte, a propósito da trapalhada do concerto de McFerrin:
«O tal melro soube que o presidente da Sociedade Martins Sarmento encostou a Cat...Cristina Azevedo à parede a propósito desta negociata e que ela lhe respondeu com uma enfiada de petas.»
Aí acima fizeram-te uma pergunta. Não respondeste. Não foi essa a postura a que nos habituaste.
Abraço,
JL
Li a pergunta, li também o que está escrito no sítio para onde aponta a ligação do primeiro comentário. O assunto de que se fala aí é muito sério e eu não pretendo deitar mais achas para uma fogueira onde vão ardendo em fogo lento as nossas expectativas para 2012. Mas não deixarei de responder.
Um abraç