O Cónego José Maria Gomes, numa caricatura de José de Meyra
O Cónego José Maria Gomes era conhecido pelo seu bom humor e pela língua solta. Dele se contam algumas anedotas célebres. Uma delas tem sido reproduzida vezes sem conta, sem referência ao seu autor. Ocorreu em 1901, aquando do primeiro julgamento do processo do homicídio de Francisco Agra, no qual Afonso Costa, que seria uma das figuras mais marcantes da Primeira República, defendeu acusado, Júlio de Campos, que viria a ser absolvido (e, mais tarde, inocentado, aquando da condenação do Antoninho de Segade). Conta-se como se segue, pela pena de Raul Brandão (in O Vale de Josafat, vol. III das Memórias do escritor):
No julgamento de Júlio de Campos, em Guimarães, quis enfrentar-se com o papudo e irónico cónego José Maria Gomes, que tinha fama de piadista e parecia um padre do tempo do Bocage. Ele era advogado, o outro testemunha. E o Afonso Costa, a certa altura do interrogatório, espicaçou-o:
– Aí está o senhor a meter uma no cravo, outra na ferradura...
Resposta imediata, com um sorriso ainda por cima:
– É que o senhor doutor não está com o pé quieto!
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Abraço,
Francisco