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Pela nossa terra
Consulta Pública
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A nossa Guimarães, cidade de históricas recordações e de actividade bem conhecida e bem manifesta no progresso das suas afamadas industrias, filha primogénita daquela pátria que, num golpe de montante, marcou o seu lugar entre as nações da Europa e, num golpe de vela enfunada das suas naus, por mares nunca dantes navegados”, vinculou o nome de Portugal em todos os recantos do mundo, encontramo-la hoje abandonada pelos municípios (1), como uma desditosa Ariadna, e cativa como a águia numa gaiola de gaze política.
É um dos filhos que mais a amam, daqueles que já sentiram a amarga nostalgia do desterro, que pressuroso também corre à patriótica chamada que V... fez no seu bem orientado jornal.
E, se me dá licença de emitir a minha humilde opinião, considero grandiosa e de elevado alcance material a levantada ideia do nosso capitão Pina, exposta aqui no número anterior. Muito bem! Muito bem, mesmo, snr. Redactor!
Façamos do alto da cidade a Acrópole de Guimarães; facilitemos aos estranhos as relíquias do passado; ensinemos nossos filhos a que é preciso descobrirmo-nos diante daqueles monumentos de gloria, enegrecidos pelos séculos, batidos pelos aríetes e catapultas castelhanas, profundamente sulcados pelas garras leonesas, ensoberbecidos pelos gritos da independência da nossa nacionalidade que surgia por entre as vetustas paredes nuas do nosso soberbo castelo de Mumadona. É assim que eu compreendo os melhoramentos materiais desta terra, e, enquanto aos melhoramentos económicos, falarei depois se V... mo consentir.
Irmão Leigo.
(1) Exceptuemos a câmara que nos dotou com as águas.
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Oferecendo a minha opinião humilde ao concurso do vosso jornal, direi: – A obra de mais urgência e de mais alcance que aos meus olhos se apresenta, é amputar aquele joelho do Campo da Feira (a casa do “Berrance”) e mais aquele tornozelo da rua dr. José Sampaio (a casa do “Recebedor”). Desta maneira se provará que a comissão administrativa não tem compromissos e completaremos assim duas obras comprometidas pela nefasta da política monárquica.
J.
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No seu jornal a “Alvorada” aceitam-se alvitres para indicar, segundo o modo de ver de cada um, quais os melhoramentos de maior importância e urgência a levar a efeito pela municipalidade de Guimarães.
Eu na qualidade de vimaranense e patriota sincero por tudo quanto seja o engrandecimento da minha terra, venho também tomar a ousadia de me enfileirar ao lado dos meus patrícios que já se dignaram expor a sua opinião.
É de todos conhecido o quanto se torna necessário o decantado alargamento da Porta da Vila, garganta estreitíssima da Rua da Rainha, desta cidade. Muitas vezes há em que o trânsito de carros e veículos se torna dificílimo e ocasiões há também que chega a tornar-se perigoso.
É por tanto um melhoramento de alto alcance que, parece-me bem e talvez sem receio de desmentido, seria por todos os vimaranenses bem recebido.
A rua da Rainha é uma das mais movimentadas de Guimarães e doloroso é termos de confessar que a sua entrada, sendo de tal forma acanhada, representa para todos nós uma vergonha aos olhos dos nossos visitantes.
Será dispendiosa essa obra? Creio que não, atendendo a que o corte a fazer nos prédios que a isso sejam condenados não serão de valor exagerado, antes pelo contrário.
J. F. Costa Soares.
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Numa das respostas ao concurso da “Alvorada” apresentavam um alvitre para a elevação do nosso Liceu Nacional a Liceu Central. Magnífica e sublime ideia! Como Guimarães se elevava no seu grau de prosperidade se tal pudesse conseguir-se! Para este grandioso problema a resolver-se é que cu queria ver convergir todas as forças e boa vontade desta cidade e concelho. Para isto é que eu queria a união verdadeira, leal e sincera de todos os meus patrícios, a fim de se conseguir do Governo Provisório da República melhoramento de tão grande alcance.
Pela forma que o Estudante expõe a elevação do nosso Liceu a Central, vê-se que não demanda isso de grande despesa, portanto parece-me que é caso para se não abandonar, mas sim tratar-se muito a sério do seu conseguimento. Mãos à obra, pois.
Esta é a minha resposta ao concurso.
Um comerciante.
[Alvorada, n.º 8, 1.º ano, Guimarães, 14 de Janeiro de 1911]
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