Nos dias seguintes à instauração da República, em Outubro de 1910, Portugal é atravessado por uma vaga de mudança que se estende pelos diferentes níveis da vida pública e privada. Em Guimarães também foi assim, com ideias e projectos que todos os dias iam sendo lançados para a praça pública. Por essa altura, foi relançado um jornal republicano, a Alvorada, que tivera uma curta existência em 1907, logo terminada, por força da instauração da ditadura de João Franco. Na segunda série, manteve o mesmo director, A. L. de Carvalho, e teve como colaboradores algumas das figuras mais destacadas da Guimarães daqueles dias revolucionários, como Alfredo Pimenta, Alfredo Guimarães, Jerónimo de Almeida, Mário Cardoso, Abel Cardoso, Capitão Luís Augusto de Pina Guimarães ou Alberto Rodrigues. No seu último número de 1910, a Alvorada lançou uma consulta pública com que pretendia plebiscitar qual seria “aquela obra ou aquele melhoramento que mais satisfaça aos interesses gerais da colectividade”. Nos próximos dias, iremos ver aqui quais foram as contribuições recebidas.
Pela nossa terra
Consulta Pública
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Qual é a obra mais urgente e de mais alcance que a Câmara deve empreender?
A “Alvorada” num intuito de fazer doutrina democrática e satisfazer respectivamente o fim que se propôs, vai dirigir uma consulta aos munícipes vimaranenses, sabendo assim do modo mais directo:
– Qual é a obra mais urgente e de mais alcance que a Câmara deve empreender?
Pergunta plebiscitária, ela deverá simplesmente indicar aquela obra ou aquele melhoramento que mais satisfaça aos interesses gerais da colectividade, sendo ainda condição essencial a observar que as considerações de que cada parecer se faça acompanhar não se deverão tornar extensas, nem tampouco comportar referências directas a pessoas. Nestas condições todos os pareceres serão publicados, ainda por mais extravagantes que sejam, sendo para desejar que, tornando-se este concurso interessante pela variedade, útil e proveitoso ele seja para a acção administrativa da actual comissão.
Esperando que todos hajam compreendido o alcance do nosso concurso, ao público dirigimos esta pergunta:
– Qual é a obra mais urgente e de mais alcance que a Câmara deve empreender?
[Alvorada, n.º 6, 1.º ano, Guimarães, 31 de Dezembro de 1910]
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