Crónica do conflito brácaro-vimaranense - 4

...continuado daqui

Depois de uma primeira reacção cautelosa, a generalidade da imprensa bracarense começa a aduzir argumentos justificativos dos desacatos de 28 de Novembro de 1885. O jornal vimaranense Religião e Pátria ia comentando as notícias que chegavam pela imprensa de Braga:


Ainda lhes parece pouco!

O "Comércio do Minho" diz no seu n.º de terça-feira, 1 do corrente, que o povo de Braga tinha razão para manifestações cujas consequências fossem ainda mais lamentáveis do que se presenciaram.

Então, ainda lhes parece pouco? Naturalmente queriam que o populacho esquartejasse os três inermes procuradores de Guimarães, os quais, com pesar seu, viram que, por um feliz acaso, saíram inteiramente ilesos da selvajaria!

Que tal!


A palavra de ordem

Pelo que vemos dos jornais e correspondências de Braga, parece ter-se ali passado palavra de ordem para desmentir as notícias de que, na selvagem agressão aos nossos procuradores se soltaram gritos de morras a eles e a Guimarães.

Já não vem a tempo. Quanto não bastasse para no-lo garantir a afirmação dos cavalheiros vítimas da brutal agressão, tínhamos a mesma imprensa de Braga, e os seus correspondentes a confirmá-lo.

Ora vejam:

A "Folha de Braga diz assim: - "O povo estanciava em massa cá fora, e à saída do snr. conde e de todos os mais procuradores de Guimarães, alvoroçou-se levantando morras, etc."

O "Comércio do Minho" diz também: "De um lado roncam as buzinas, de outro silvam gritos subversivos..."

Que gritos serão estes?

E noutra parte acrescenta:

"os morras a Guimarães não foram soltados pela multidão."

Então por quem foram?

O correspondente de Braga para o "Comércio do Porto" diz na sua correspondência de 30: "Ouviam-se centenares de assobios, toques de buzina, vozes de fora, morra, e outros gritos de verdadeira sedição!..."

Ainda poderíamos apresentar mais provas, mas estas são suficientes.

Dói-lhes? Arrependem-se do que fizeram? Receiam-lhe as consequências? Pretendem deslocar a questão?

Pois não lho consentiremos: scripta manente: é tarde para os fazer desaparecer.


[Religião e Pátria, n.º 45, 38.ª série, 3 de Dezembro de 1885]

continua aqui...

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