A Colegiada e o Padrão numa fotografia anterior a 1904, ainda com gradeamentos e com o tanque chafariz encostado à torre. |
Retomando o assunto do nome do
Padrão da Praça Maior de Guimarães no ponto em que ficamos, na tentativa de
perceber de onde vem a sua associação à Batalha do Salado, travada em 1340,
quando Afonso IV reinava em Portugal, do que já vimos, julgamos ter ficado
claro que, até à entrada do século XX, nunca o cruzeiro alpendrado da
Oliveira foi associado ao Salado (quem mais próximo que lá se andou foi Vilhena Barbosa, que atribuiu a D. Afonso IV a condição de fundador do Padrão, sem
que tivesse dito em que se baseava para tal atribuição). De uma pesquisa
sistemática no rico de imprensa local vimaranense da Sociedade Martins Sarmento,
que a Casa de Sarmento disponibiliza
online, percebe-se que, até 1940, o Padrão continua a ser chamado pelos nomes de sempre: da Oliveira, da Vitória, de Nossa Senhora da Vitória ou, simplesmente, o
Padrão.
Aqui ficam alguns exemplos, respigados ao acaso:
Também se celebrou hoje, no padrão da Oliveira, uma missa cantada em honra de N. Senhora da Vitória, sendo orador o rev. José Leite de Faria.
O Comércio de
Guimarães, 16 de Agosto de
1906
Perdoem os da Comissão Concelhia pela insistência; mas aquele tapume, que faz meio fundo no padrão da Oliveira, está a pedir que o mandem dali para fora!
Alvorada, 22 de
Maio de 1913
O tapume do padrão da Oliveira vai em breve ser destruído.
Alvorada, 12 de Junho de 1913
Sr. Redactor — Porque não lembra no seu jornal para que sejam também retiradas as grades que estão à volta do agora restaurado padrão da Oliveira e mais do pátio fronteiro ao histórico templo?
Alvorada, 19 de Junho de 1913
“(…) dias depois, a 14, desabrocha o sentimento cívico e religioso da nossa terra de católicas tradições e dá-nos essa comemoração antiga e perdida (com pesar o digo!) da Batalha de Aljubarrota, junto do “venerando” e “Senhor”» pelote de D. João 1.º colocado sobre as ogivas do padrão, ressurgida este ano com um timbre patriótico e um apego à tradição, que faz honra” (…)”
Voz de Guimarães, 4 de Agosto de 1923 (texto de A. L. de
Carvalho sobre a exposição industrial daquele ano).
E Guimarães, a cidade da nobreza, do Castelo secular e dos retratos brilhantes, do Padrão da Vitória, terra que tem o Tesouro da Oliveira, que é um Tesouro de Graças, e que se honra em possuir o pelote de D. João I, brocado, ouro e seda, que na Batalha de Aljubarrota o grande rei trazia debaixo da armadura, ergueu-se aos olhos de todos nós.
Notícias de Guimarães, 6 de Agosto de 1939 (transcrição de uma notícia do Jornal de Notícias, publicada aquando as festas Gualterianas de 1923)
Passando no próximo dia 14 mais um aniversário da Batalha de Aljubarrota, a Câmara Municipal, como nos anos anteriores, celebra essa data publicamente com uma missa campal junto ao padrão da Oliveira.
Ressurgimento, 12 de Agosto de 1939
No dia 14 fez-se, como noticiamos, a comemoração do 554.º aniversário da Batalha de Aljubarrota, junto ao Padrão da Oliveira.
Ressurgimento, 19 de Agosto de 1939
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