Memórias Paroquiais de 1758: Pencelo

Igreja de S. João de Pencelo.
Pencelo é uma das freguesias vimaranenses (quase) omissas nas Memórias Paroquiais de 1758, das quais só chegou até nós um resumo muito conciso, onde se alerta para uma incongruência nas fontes disponíveis acerca no número de vizinhos, há época: passar de 48 fogos, onde viviam “150 almas de comunhão” (excluindo menores, portanto) para 189, “pouco depois”, implicava que a população de Pencelo quase tivesse quadruplicado em escasso tempo. Provavelmente, onde o autor do Portugal Sacro-Profano escreveu 189 fogos, deveria ter escrito 189 pessoas.
Como sucede com Urgezes/Urgeses, o modo como se escreve o nome desta freguesia, Penselo ou Pencelo, também tem suscitado justificadas dúvidas. Há mesmo autores que, nos seus escritos, usam indiferentemente uma e outra forma. Compulsando os Vimaranis Monumenta Historica, verificamos que, em 1014, o rei Ramiro fez doação a Mumadona da “villa pensello”. Na descrição das confrontações de várias propriedades doadas ao mosteiro de Guimarães, datada de 1058, consta “penselio”. Num inventário das igrejas e mosteiros de Guimarães de 1059, faz-se menção à igreja de “sancto iohanne de penselo”. Nas Inquirições do reino aparece como “Penselo” (1220 e 1258), “Pensello” (1290) ou "Pensselho" (1304). No século XVIII ainda se escrevia "Penselo". No século XIX surgem as duas formas, em uso simultâneo (no Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal, o verbete referente a esta freguesia usa ambas: "Pencêllo ou Pensêllo". O século XX consagrou a designação oficial, Pencelo, embora, ao que se percebe, a História se inclinasse mais para Penselo.
Esta freguesia, por onde passa o rio Selho, que ali tinha duas pontes e diversos moinhos, andou anexada à de Fermentões, entre 1896 e 1908. A casa de Sapos foi berço de António José Leite Guimarães, futuro Barão da Glória, que nasceu em 1806, José Joaquim Leite Guimarães, futuro Barão de Nova Sintra, que veio ao mundo em 1808.

Pencelo
Pencelo é aldeia e paróquia do termo da vila Guimarães na comarca do mesmo nome. O povo desta paróquia constava, no tempo do Académico Lima, de 48 fogos, com 150 almas de comunhão e pouco depois achou o Portugal Sacro 189 fogos, todos pertencentes à matriz dedicada a São João Baptista.
O pároco é abade da apresentação do Padroado Real. Tem de côngrua 250$000 réis.

Pencelo”, Dicionário Geográfico de Portugal (Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo, Vol. 42, memória 308, p. 147.


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