Memórias Paroquiais de 1758: Gondomar

A igreja de Gondomar, na década de 1930. Fotografia de Mário Cardoso.
Em Gondomar havia uma igreja e duas capelas, a da Senhora da Ajuda e a de S. Simão, que estava arruinada no início do século XIX, tendo sido demolida em 1802, recolhendo-se a imagem do seu padroeiro na igreja paroquial. O Abade de Tagilde conta, nos seus apontamentos sobre Gondomar, que S. Simão é o advogado das mulheres com falta de leite, as quais, para o alcançarem, imploram a sua protecção, fazendo-lhe uma promessa e “mandando-se, em seguida, buscar a terra do santo, que é extraída de uma pedra guardada na sacristia e que foi trazida do altar da antiga capela, e que, metida numa saca, se coloca ao pescoço da devota. Alcançado o leite, vem a devota cumprir a promessa ao santo e traz a saca, que dependura aos pés do mesmo santo”. Na lacónica memória paroquial de 1758, não há qualquer referência a esta tradição.


Gondomar

Freguesia de S. Martinho de Gondomar.
Fica na Província de Entre-Douro-e-Minho, pertence ao Arcebispado de Braga, é do termo da vila de Guimarães e é de el-rei Nosso Senhor.
Tem duzentas e oito pessoas.
Está situada num vale pegado a um monte que se chama de São Simão e não se descobrem povoações.
Tem quatro lugares, o lugar de Requião, lugar do Souto, lugar do Carvalho, Lugar do Cabo.
Está a paróquia no meio dos lugares. O seu orago é São Martinho. Tem quatro altares. Da parte esquerda, um das Almas e outro do Sacramento, e, da parte direita, o altar do Santo Nome e o altar-mor, onde está o padroeiro. Tem duas irmandades, uma das Almas e a outra do Sacramento, e não tem naves. O pároco é abade é da apresentação do Arcebispo de Braga. Tem duzentos mil réis de renda. E tem duas capelas, uma é da Senhora da Ajuda e a outra é do Apóstolo São Simão. A da Senhora está dentro da freguesia, a outra está fora. Pertence a sua administração ao próprio abade. Só acode gente no dia em que se festeja o Apóstolo São Simão, e não mais.
Os frutos que os lavradores recolhem em maior abundância são milhão e vinho.
E serve-se do correio de Guimarães e dista duas léguas, e dista da cidade capital de Braga, duas, da cidade capital do Reino, sessenta.
E não padeceu ruína no terramoto de 1755.
Chama-se a serra de São Simão. Terá uma légua de comprido e meia légua de largo. É abundante de caça, coelhos e perdizes.
Chama-se o rio de Ave, nasce na Cabreira, corre todo o ano, não é caudaloso e não é navegável. É de curso quieto em toda a sua distância. Corre de Nascente a Poente. Cria peixes, e os de maior abundância são barbos e bogas, e tem muito arvoredo de fruto silvestre. Conserva o mesmo nome, morre no mar. Tem açudes, pelo que não pode ser navegável, e tem azenhas e lagares de azeite e pisões. Tem de comprido, de onde nasce até onde entra, doze léguas. E não há coisa alguma de que eu possa dar reposta.
Gondomar 16 de Abril 1758 anos.
O abade Custódio do Vale e Araújo.
O abade de Santa Maria de Souto, Domingos da Torre.

Gondomar”, Dicionário Geográfico de Portugal (Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo, Vol. 17, n.º 76, p. 410 e 411.

[A seguir: Santa Maria do Souto]

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2 Comentários

Como faço pesquisa genealógica em Gondomar e região, gostaria de compartilhar aqui um pouco da história da familia "do Vale" da Casa da Silva, desta freguesia:

Goncalo Francisco?, nascido cerca 1600.

Casado a 15 de Junho de 1632, Gondomar, Guimarães, Portugal, com Maria Do Vale?, nascida cerca 1610.
Nota : Moradores da Casa da Silva, Gondomar

tiveram :
a) Clara Do Vale, nascida cerca 1632, Gondomar, Guimarães.
Nota : Moradora da Casa da Silva

Casada a 25 de Julho de 1648, Gondomar, com Gonçalo Gonçalves, nascido em Santa Maria de Souto, Guimarães, tiveram :
Catarina Do Vale. Casada em 1685 em Gondomar com João Fernandes.

b) João Do Valle, nascido cerca 1650, falecido antes de 1703, Gondomar.
Nota : Senhor da casa da Silva, Gondomar.

Casado com Maria Fernandes, nascida cerca 1660, tiveram :
Mariana Fernandes do Vale, nascida a 4 de Setembro de 1691, Gondomar, falecida antes de 1733.
Nota : Senhora da Casa da Silva, Gondomar

Casada a 14 de Outubro de 1703, Gondomar, com Bento Rodrigues, nascido a 11 de Julho de 1680 em Gondomar, filho de Simão Affonso do lugar do Sabugueiro em Gondomar e de Maria Rodrigues, falecido depois de 1749
Nota : Da casa Eido de Baixo de Gondomar.

tiveram :
a) Teresa Rodrigues Do Vale, nascida cerca 1710, Gondomar, falecida depois de 1796 em São Martinho do Campo, Póvoa de Lanhoso.
Nota : Proveniente da casa da Silva em Gondomar, Concelho de Guimarães.

Casada a 26 de Abril de 1733 em São Martinho de Gondomar, com Bento Gomes de Macedo, nascido a 16 de Setembro de 1705 em Santo Emilião, Póvoa de Lanhoso, falecido depois de 1782 em São Martinho do Campo, Póvoa de Lanhoso.
Nota : Senhor da Casa de Santo Tirso, São Martinho do Campo, Concelho de Póvoa de Lanhoso

b) Joâo Rodrigues Do Vale.
Nota : Senhor da casa da Silva, Gondomar. Aparece como testemunha no batismo de Bento Rodrigues de Macedo em 1734 e de Francisco Rodrigues de Macedo em 1749, ambos em São Martinho do Campo.

A familia Macedo da casa de Santo Tirso em São Martinho do Campo, Póvoa de Lanhoso, que descende das familias do Vale e Rodrigues de Gondomar, deixou vasta descendência na região e no Brasil, para onde foram meus antepassados na segunda metade do século XVIII. No Brasil os descendentes dessas familias devem ser vários milhares concentrando-se inicialmente em Ouro Preto, MG e depois se difundindo nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
abelcardoso disse…
Obrigado.Sou descendente dessa Casa que ainda existe em Gondomar. Desconhecia esse ramo brasileiro. Gostaria de saber mais pormenores.
abelcardos@gmail.com