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Vista parcial da antiga Fábrica de Curtumes da Caldeiroa, na manhã de hoje. |
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A mesma vista, hoje ao início da tarde. |
Quando a proposta de extensão da área de
Guimarães classificada como Património Mundial aos arrabaldes de Couros prossegue o seu caminho na UNESCO, avança a destruição de património arqueológico da velha indústria dos couros de Guimarães,
por caprichosa e muito mal explicada decisão dos nossos responsáveis políticos
locais. A antiga Fábrica de Curtumes da Caldeiroa já começou a ser demolida. Todo
o complexo fabril vai abaixo, mas consta que se vão salvar os tanques de curtimenta, que ficarão irremediavelmente
descontextualizados e desprovidos de interesse patrimonial. Porquê? Porque sim.
Porque lhes deu para aí. Ou então, porque os acham giros, assim como acham giras
as luzinhas dos chineses que emolduram as muralhas, a Torre da Alfândega e outros
edifícios do Centro Histórico de Guimarães. Cá por mim, já que estamos em maré verde,
estava capaz de sugerir que fizessem daqueles tanques um manifesto à
biodiversidade e à modernidade, enchendo-os de água, pondo neles peixinhos
vermelhos e nenúfares (por mim, até podem ser de plástico, que sempre duram
mais tempo e não têm custos de manutenção) e rãs de louça das Caldas. Isto sem
esquecer os indispensáveis anões de jardim e outros artefactos que tais.
Depois, para conferir profundidade e espessura intelectual à obra, baptizavam-na
com um nome qualquer em inglês, e diziam que era uma manifestação de Environmental Art ou Site Specific Art.
E estava feito, a custos módicos. Era sucesso garantido, com direito ao reconhecimento e à medalha da ordem.
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