Sobre a classificação da muralha

A muralha de Guimarães, no inico da antiga estrada de Fafe (actual Avenida Alberto Sampaio), por volta de 1900.

Na última reunião da Câmara Municipal de Guimarães foi aprovada, por unanimidade, uma proposta do vereador da CDU, Torcato Ribeiro, para se dar início ao processo de classificação da muralha de Guimarães como monumento nacional. Esta aprovação visa reparar uma situação sui generis, de que já aqui falámos, cuja divulgação parece ter surpreendido alguns responsáveis políticos locais que, pelas responsabilidades que que lhes estão atribuídas, se suporia que poderiam estar munidos de informações melhor fundamentadas. Porém, tal surpresa é perfeitamente compreensível, já que há décadas se tinha como verificado que a muralha de Guimarães tinha sido classificada como monumento nacional pelo decreto de 1910 que tem como anexo a lista dos monumentos nacionais portugueses à data, onde se inclui uma dúzia de imóveis localizados em terras de Guimarães. Essa suposta classificação tem sido veiculada em documentos e inventários oficiais referentes ao património classificado de Guimarães, e até fundamenta a atribuição a esse monumento de uma zona especial de protecção, fixada em portaria de 1958. Ora, como facilmente se demonstra, entre os monumentos nacionais de Guimarães classificados em 1910 até aparece um monumento fantasma (uma imaginária “anta de Polvoreira”, que nunca existiu), mas não consta a muralha de Guimarães. Assim sendo, o consenso que se reuniu para a aprovação de uma proposta que visa reparar uma anomalia cuja continuação escaparia à compreensão do comum dos mortais, nada tem de surpreendente.

Surpreendente, muito surpreendente mesmo, é a informação que colhemos no comunicado que a CDU publicou sobre este assunto, onde se dá conta que esta foi a primeira proposta da oposição aprovada no presente mandato da autarquia vimaranense, que já se vai aproximando do fim. Essa sim, é uma informação surpreendente e que dá muito que pensar.

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PS: Ao escrevermos o que vai acima, tivemos curiosidade de ir ver o que agora diz sobre a muralha de Guimarães o site Património.pt, da Direção-Geral do Património Cultural, que há um mês atrás parecia ter actualizações ao minuto. Parece que tal dinamismo foi um ar que lhe deu. A última informação que lá aparece, que é a que se reproduz a seguir, é a que já lá estava em meados do mês.

2014 - Domingos Machado Mendes, empresário de Vila Nova de Famalicão, compra por 193.000 euros a Torre da Alfândega, à família do artista José de Guimarães, a única torre que resta da antiga cerca da vila, não tendo o Município exercido o direito de preferência; 2016, 17 março - o vereador da Cultura José Bastos revela ao Público a concretização de um acordo com o proprietário da Torre da Alfândega para permitir o acesso ao topo da mesma pelo público; o autarca revela também que está a ultimar um projeto que permitirá a circulação pública, a pé e em segurança, no adarve do troço de muralha existente na Av. Alberto Sampaio, entre a entrada lateral da Câmara Municipal e o Museu Alberto Sampaio, atravessando também uma parte do terreno da Colegiada de Oliveira; o percurso, será feito através de uma estrutura de madeira interior, com a gravação no pavimento do nome e do local das torres anteriormente ali existentes, permitindo interpretar melhor o antigo sistema defensivo da cidade.

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