Leio na interessante crónica desta semana do Eng.º António Monteiro de Castro desta semana, a
propósito da Torre da Alfândega:
Deste
excerto, tomo dois adjectivos: repentina e emocionada. Repentina, a notoriedade
da Torre da Alfândega, emocionada a intervenção de Torcato Ribeiro. É verdade
que a Torre da Alfândega irrompeu repentinamente no quotidiano vimaranense, alimentando
de notícias os jornais, as rádios e as televisões e sustentando um aceso debate
nas redes sociais. Porém, a emoção do Torcato não resulta duma erupção
repentina, mas sim de uma paixão muito antiga e alicerçada num conhecimento
sólido e consistente, acumulado ao longo de muitos anos.
Há muito que
conheço o interesse do Torcato pela cerca fortificada do velho burgo
vimaranense. Há muito que mantemos conversas sobre as muralhas e as suas torres,
conversas que passámos a partilhar, mais tarde, com um amigo mais recente, o
engenheiro-filósofo Miguel Bastos, o mais veemente dos apaixonados destae
objecto singular do nosso património material e simbólico. Foi com o Torcato
que subi a Torre da Alfândega pela primeira vez. E já tinha sido o Torcato quem,
num dia já remoto, me demonstrou, com argumentos categóricos, que a linha de
muralhas que separava a Vila do Castelo da Vila Nova de Guimarães, desenhada
por José Moura Machado e publicada no Guimarães
do Passado e do Presente, não batia certo, como o comprovaria a representação
quinhentista de Guimarães, entretanto descoberta na Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro.
Desta sua
paixão já o próprio falou num texto que
publicou no Reflexo Digital, cuja leitura recomendo. O que ele aí não falou
foi da sua co-autoria da ideia de candidatar o percurso sobre o adarve da
muralha ao Orçamento Participativo de 2014, tendo optado por ficar na
rectaguarda, para que a possibilidade de sucesso do projecto não fosse prejudicado
pelas leituras político-partidárias do costume. O que ele também não disse foi
que, bem antes de trazer a público a questão da venda da Torre da Alfândega,
alertou os responsáveis da Câmara para a situação. Porque, mais do que
eventuais ganhos políticos, aquilo que verdadeiramente o movia era a vontade de
contribuir para uma solução que devolvesse a Torre da Alfândega ao domínio
público. Infelizmente, não foi escutado.
Desde o dia
16 de Março de 2016, um rio de tinta tem corrido sobre a Torre da Alfândega. E
os responsáveis autárquicos têm seguido o seu curso, em navegação de cabotagem.
À falta de bússola e de cartas de marear que os orientem, vão seguindo pela
linha do improviso, respondendo por arrancos às dificuldades que se lhes vão
antepondo. O resultado é uma rota sinuosa, feita de respostas erráticas, que forçosamente
deixarão cicatrizes na credibilidade de quem as profere. A cada dia, uma
resposta diferente, várias vezes contraditória com as respostas dos dias
anteriores. Quando, afinal, o caminho era tão fácil: bastava não terem
subestimado o que o vereador Torcato Ribeiro lhes dizia. Porque, como já
perceberemos, se ainda não percebemos, ele tinha razão em tudo quanto disse no
dia 16 de Março.
Porque, ao
contrário de tantos dos que por estes dias se têm pronunciado sobre a questão da Torre da Alfândega,
o Torcato sabia bem daquilo de que falava.
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