Os estudos estatísticos sobre
a população portuguesa do início do século XIX demonstraram que a sua distribuição
era muito desigual ao longo do território, sendo o Minho, de longe, a província
onde se registava uma maior densidade populacional: quase 100 habitantes por
quilómetro quadrado. A segunda província mais densamente povoada, a Beira, não
chegava a metade daquele valor, correspondendo a densidade de todo o território
de Portugal Continental a um terço do grandeza do Minho. Em 1805, dois engenheiros do exército, João Manuel da
Silva, e José Carlos de Figueiredo, procederam ao levantamento da população
portuguesa e da sua distribuição do território, com o propósito de apurar se a
distribuição do recrutamento para o exército era feita com equidade. Desse trabalho
resultaria uma proposta de divisão do país em 24 distritos, cada um com
aproximadamente 120.000 habitantes. Essa proposta nunca chegou a ser aplicada.
Como já vimos, ao encerrar o século XVIII o território da província do Minho
distribuía-se por sete comarcas. Eram elas as seguintes, ordenadas pelas suas
populações, da maior para a mais pequena: Porto, Guimarães, Viana, Barcelos,
Penafiel, Braga e Valença. O quadro que publicamos acima saiu no tomo X dos Annaes das Sciencias, das Artes e das Letras, publicado em Paris, em 1820, com dados de 1798.
Por ele se pode perceber que a comarca de Guimarães estava, em quase todos os
indicadores (com excepção dos recolhimentos e conventos de freiras), substancialmente
acima de Braga. A sua população. Por exemplo, quase que triplicava a da comarca
de Braga (na verdade, triplicava mesmo, uma vez que este quadro não inclui as
terras que, pertencendo a comarcas do Minho, se situavam fora do território
minhoto (Guimarães tinha-as, assim como Barcelos e Porto, mas não Braga).
Por aqui se entende facilmente que Guimarães, que era cabeça da segunda
maior comarca do Minho, não aceitasse de bom grado ficar na dependência administrativa
de uma das mais pequenas.
[continua]
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