Francisco Martins Sarmento (retrato mais antigo conhecido) |
10 de Julho de 1853
Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento recebeu o grau de bacharel.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol.
III, p. 27 v.)
O espaço de efeméride, hoje vai em dose tripla, sempre com a mesma
personagem. Francisco Martins Sarmento.
Francisco Martins Sarmento, no que toca à formação académica, seguiu o
destino que à época estava traçado para a maior parte dos jovens da sua
condição social. Aos 15 anos, completados os estudos preparatórios para a
Universidade, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Aos 20, tinha despachado o assunto. Era bacharel em direito e tinha mais que
fazer. Foi, toda a sua vida, um trabalhador incansável, mas nunca exerceu
qualquer ofício ou cargo. O seu destino seria outro.
Da passagem de Sarmento por Coimbra sabemos pouco. Dois amigos falam-nos
desse tempo.
Luís Cardoso Martins da Costa Macedo, o primeiro Conde de Margaride, conhecia-o
desde a infância (“brinquei com ele em pequeno”, escreveu no texto que inseriu
no volume especial da Revista de Guimarães de 1900, dedicado ao arqueólogo
vimaranense, falecido no ano anterior), escreveu:
A inteligência que lhe madrugou nos brinquedos infantis acompanhou-o nos
estudos que se seguiram. Aos quinze anos completava com aplauso dos
professores os preparatórios para a Universidade o aos vinte estava formado em
direito sem embargo da ordenança em contrário. Em Coimbra passava os dois
terços do tempo devorando avidamente quantos livros de literatura podia haver à
mão. À sebenta também não recusou um lugar, mas dava-lho como a credor implacável
que pede impacientemente uma dívida; o que não obstou à conclusão do curso, sem
sofrimento de desar nem necessidade de empenhos.
Conde de Margaride, Martins Sarmento, “Reminiscência longínquas”, Revista de Guimarães, Volume especial,
1900, pp. 28-29
O primeiro presidente da Sociedade Martins Sarmento, Alberto Sampaio,
traçou o perfil de Martins Sarmento em 1884, no primeiro volume da Revista de
Guimarães. A propósito da passagem por Coimbra, escreveu:
Tinha o snr. Sarmento oito anos quando entrou na escola primária e aos
quinze concluía os preparatórios, matriculando-se logo depois na faculdade de
direito da Universidade de Coimbra, onde terminou a sua formatura em 1853, aos
vinte anos de idade.
O enfado desse curso que, estreitando a inteligência do aluno no círculo
apertado duns compêndios oficiais, lhe não deixava ver os largos horizontes da
Ciência, não teve nele a influência destruidora, que faz de tantos outros uma
desastrosa inutilidade: a sua forte organização intelectual e a sua viva
imaginação resistiram ao perigo. Importou-se pouco do ensino oficial, o
bastante apenas para satisfazer às exigências do curso. Na leitura de bons
livros fortaleceu a inteligência, e deixou a imaginação correr a par dos
afectos da alma; de forma que ao sair de Coimbra não era perfeitamente um
bacharel, mas um poeta.
José Sampaio, “Os nossos sócios honorários. I Francisco Martins de
Gouveia Morais Sarmento”, Revista de
Guimarães, n.º 1, 1884, pp. 30-31
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