Retábulo com o milagre da Oliveira, actualmente no Museu de Alberto Sampaio |
Retábulo com o castigo de Pedro de Oliva (idem) |
13 de Junho de 1913
Às seis horas tiraram do oratório suspenso a imagem de Nossa
Senhora da Vitória e levaram-na para a sacristia da Colegiada, e às 8 horas da
manhã principiaram a alagar o dito oratório que era todo de madeira e
envidraçado e era assente sobre os capitéis do arco do fundo do Padrão.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol.
II, p. 261)
No Padrão erroneamente chamado do Salado, existente na Praça da Oliveira,
estava um altar suspenso, do século XVII. Segundo o Padre António Caldas,
localizava-se “no arco do fundo a principiar na linha dos capitéis, em que se
estriba a abóbada, fez-se mais tarde um altar de estuque, envidraçado pela
frente” (João Lopes de Faria, que testemunhou a sua desmontagem, diz que este
oratório era feito de madeira). Assinalava, não a Batalha do Salado, mas sim a
Batalha de Aljubarrota, albergando a imagem de Nossa Senhora da Vitória. Em
ambos os lados da base do altar estavam duas tábuas esculpidas, uma
representando, como o mostrou Fernando José Teixeira, o milagre da Oliveira,
outro relativa ao castigo que foi infligido ao advogado Pedro de Oliva, que foi
contado pelo Padre Torcato Peixoto de Azevedo:
Aos
pés do altar de Nossa Senhora da Vitória, está esculpida, em baixo-relevo, a
efígie do licenciado Pedro de Oliva, o qual sendo advogado pretendeu destruir
os privilégios do cabido, e caseiros de Nossa Senhora: o que fazia com grande
instância. E estando uma manhã conversando junto deste padrão com o abade de
Freitas e Luís Gonçalves, cónegos da Colegiada, sendo por eles repreendido
diante de outras pessoas, da perseguição que fazia, e que se guardasse da ira de
Deus; respondeu que não era o diabo tão feio como o pintavam, e que enquanto
vivesse não havia abrir mão do que começara. Ainda o não tinha acabado de
pronunciar quando caiu mortal, com a língua fora da boca, a fala perdida, e o
rosto disforme: e sendo levado para sua casa, tanto que a ela chegou deu o
final arranco da vida. Foi o cadáver levado à sepultura que tinha em S.
Francisco, onde houve sucesso não menos maravilhoso; que morrendo sua mulher
depois dele trinta e três anos, se mandou enterrar no mesmo jazigo, o qual sendo
aberto se achou o corpo do marido todo inteiro, sem que a terra quisesse dele
mais nada do que consumir-lhe o gorgomilo e as mortalhas. Foi tirado da cova, e
posto à vista do povo encostado à parede, enquanto chegava o corpo da mulher, e
depois se lançaram ambos juntos na sepultura: pelo que se mandou retratar o
dito perseguidor dos privilegiados da Senhora, e o caso se escreveu em pergaminho.
O altar foi desmontado no dia 13 de Junho de 1913,
passam hoje 100 anos.
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