Desenho do início do século XIX. à esquerda, a capela da Senhora da Guia. |
6 de Junho de 1787
A Câmara defere
o requerimento da Irmandade de Nossa Senhora da Guia, erecta na torre do mesmo
nome, que se ia demolir para abertura de uma porta direita para o Campo da
Feira, em que lhe fossem dados no mesmo sítio 60 palmos de comprido e
respectiva largura de terreno para edificação de nova capela, cujo despacho foi
que concediam a mudança da capela para fora da mesma torre, junto ao passo que
aí se achava misto à dita torre, e que o procurador do Senado fizesse
demarcarem, no dito sítio, o terreno preciso e lugar mais cómodo ao público, o
que fez a 13 de Setembro do mesmo ano.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol.
II, p. 240 v.)
Em Fevereiro de 1778, respondendo a um pedido do Cabido de Guimarães, a
rainha D. Maria I autorizando a da Colegiada a utilizar, na construção da nova
casa capitular, a pedra que resultasse da demolição da torre da Senhora da Guia,
com a obrigação de deixar o muro à altura da muralha, colocando-lhe ameias e rasgando
uma porta na direcção do Campo da Feira, com largura suficiente para o trânsito
de carruagens. Esta autorização viria a ser renovada por nova provisão régia,
de Abril de 1790.
A empreitada da demolição da torre e construção da casa do capítulo só
seria entregue nove anos depois. Em Fevereiro de 1787, os mestres pedreiros de
Fermentões Vicente José de Carvalho, João Manuel de Carvalho, seu filho, Francisco
Portela, seu cunhado, comprometeram-se a demolir a torre da Senhora da Guia e a
erguer a nova casa para o Cabido.
No interior da torre existia uma capela com uma imagem da Senhora da Guia,
que era objecto de veneração. Após a assinatura do contrato de empreitada para
a demolição da torre, a Irmandade de Nossa Senhora da Guia requereu à Câmara de
Guimarães um pedaço de terreno situado junto à muralha, para a construção de uma
capela para culto da imagem da Senhora da qual tomar o nome. Em resposta, datada
de Junho de 1787 Câmara concederia à irmandade um lote de terreno com “60
palmos de comprido e respectiva largura de terreno “, tendo mandado o Provedor
do Senado providenciar a sua demarcação, “terreno preciso e lugar mais cómodo
ao público”., A demarcação seria feita no dia 13 de Setembro, no espaço situado
“ao correr do muro e a largura até à esquina da torre”. Esta doação seria
confirmada em Maio do ano seguinte, por provisão régia.
Este projecto iria estar na origem de atritos entre o Cabido e a
Irmandade da Senhora da Guia, que se resolveriam em Fevereiro de 1792, com a
desistência da Irmandade das queixas e demandas que tinha suscitado.
A sagração da capela aconteceu no dia 15 de Agosto de 1793. A ideia
original seria acrescentar-lhe um outro corpo, elevando a capela à condição de igreja, o
que nunca se concretizou, porque iria impedir o trânsito público naquele local.
A obra abertura da porta na muralha dirigida para o Campo da Feira seria adjudicada
pelo Cabido em Junho de 1794 ao mestre pedreiro António Rodrigo da Fonseca.
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