Marquês de Pombal |
29 de Maio de 1782
Neste dia e nos 2 seguintes celebram-se na igreja da
Real Colegiada 400 missas, do estipêndio de 1000 réis e a irmandade real de Nossa
Senhora da Oliveira mandou cumprir em sufrágio do seu confrade Marquês de Pombal.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol.
II, p. 189 v.)
O Marquês de Pombal faleceu no dia 8 de Maio de 1782.
Nos últimos dias do mesmo mês, foram celebradas missas de sufrágio em sua
memória, ordenadas pela Irmandade Real de Nossa Senhora da Oliveira, da qual,
como se percebe nesta efeméride registada por João Lopes de Faria, o antigo ministro de D. José I era membro.
Os atritos do Marquês com a Igreja e com a Santa Sé não
impediram a Colegiada de Guimarães sob de se colocar sob a sua influência e
protecção, que se aprofundou com a designação do seu irmão, Paulo de Carvalho e
Mendonça, para titular do cargo de Prior da Oliveira. Tendo falecido em Janeiro
de 1770, os seus sucessores seriam também homens de confiança do Marquês de
Pombal, que daria o seu apoio ao projecto de construção de uma nova Casa do
Cabido, cujo risco veio de Lisboa. Para a construção, contavam com a pedra da
torre da Senhora da Guia e com a intercessão do Marquês junto do rei, para que
este a concedesse.
Apesar de, com a morte de D. José e a subida ao trono de
D. Maria I, o Marquês ter caído em desgraça, sendo afastado do poder e enviado
para o exílio em Pombal, a Colegiada de Guimarães continuou a reverenciá-lo e
não se esqueceu de celebrar a sua memória assim que na vila foi conhecida a
notícia da sua morte, no final de Maio de 1782.
O primeiro dos três dias de missas celebradas na igreja
da Colegiada foi a 29 de Maio. No mesmo dia, sete anos antes, foi descoberta
uma conjura para assassinar o Marquês de Pombal, com recurso a engenhos
explosivos. Como responsável pela preparação do atentado, que nunca se consumou, foi preso um genovês,
João Baptista Pele de seu nome, que seria julgado e condenado à morte, morrendo
esquartejado na Junqueira, em Lisboa em Outubro de 1875. Para assinalar este
desfecho, o D. Prior da Colegiada, Luís de Saldanha de Oliveira, escreveu uma
carta ao Cabido, ordenando que em Guimarães se celebrasse solenemente a execução
do agressor tirano que ameaçara a
vida de de Sebastião José de Carvalho e Melo. Dizia assim:
A fatal conjuração descoberta aos 29 de Maio e
publicamente manifestada aos 12 do corrente na execução do miserável réu João
Baptista, genovês, que associado com outros cúmplices da mesma atrocidade intentara
fazer voar com artifícios de pólvora a carruagem e pessoa do primeiro ministro de S. majestade o senhor Marquês de Pombal no mesmo dia da feliz inauguração da
Estátua Equestre do mesmo senhor evidentemente nos persuade os admiráveis
efeitos da providência, que não só nos permitiu que tão abominável intento não
tivesse efeito, mas ainda nos patenteou castigado o agressor tirano de tamanho
delito e considerando nós, nas circunstâncias presentes, menos as obrigações
particulares que devemos ao dito senhor, pelas quais não satisfaria toda a nossa
gratidão, mas sobretudo que devemos a Deus por felicitar este Reino com a
conservação da importante vida de um Ministro tão sábio e prudente que
sustentando com uma mão a religião e com outra o Estado tem restaurado e
reduzido à maior felicidade esta Monarquia determinamos render ao mesmo Deus as
devidas graças nesta Nossa Igreja com a maior solenidade e pompa que permite o
seu actual estabelecimento, e com satisfação e vontade proporcionada a nossa
obrigação: parecendo-nos assim comunicar a V.ª S.ª esta nossa determinação para
que sem perda de tempo disponha uma missa solene com Vésperas e Te Deum pro gratiarum actione por ter
conservado a vida ao Ministro tão zeloso e fiel em que interessa o bem comum
destes Reinos; cuja solenidade se celebrará no dia e forma que determinamos ao
nosso Lugar Tenente a quem enviamos as ordens necessárias. Lisboa, 14 de
Outubro de 1775. Luís de Saldanha de Oliveira Dom Prior. Muito Reverendo Cabido
de Nossa Senhora da Oliveira.
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