Na mesma
ocasião.*
Que tirasse o Marquês com mão avara
Do erário de el-rei o metal
louro;
Que ajuntasse um riquíssimo
tesouro,
Sem inveja lhe ter, eu
desculpara:
A sede insaciável se fartara
No contrato dos vinhos do Alto-Douro,
Se roubasse ao judeu, ao índio, ao mouro,
E ao rico holandês, não criminara:
Mas o que não consinto, nem
aprovo
É da sua ambição dar-nos assunto,
Assunto nunca visto, assunto
novo:
Pois não contente do que tinha
junto,
Até tirou as lágrimas ao povo
Com que chorar devia o rei
defunto!
* Segundo soneto
escrito por António Lobo de Carvalho aquando da destituição do Marquês do
Pombal, na sequência da morte do rei D. José I.
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