A Igreja da Colegiada da Oliveira (c. 1900) |
10 de Maio de 1825
Indo a sair a ladainha
"ladário", da Colegiada acompanhada pelo Senado da Câmara, uma doida
deu uma bofetada no procurador do mesmo Senado (Prosódia), o qual em seguida
deu com a vara na cabeça da doida e a feriu gravemente, isto ainda dentro da
igreja Colegiada. Por tal facto julgaram alguns membros do Cabido que a igreja
estava poluta e como tal a mandaram fechar, rezando nesta tarde as vésperas na
capela de S. José no claustro, fazendo-se nos dias seguintes os ofícios divinos
na igreja de S. Sebastião, e no dia 12 abriu-se a igreja por ordem do Cabido
porque o mesmo assentou que a igreja não estava poluta. PL.
(João Lopes de Faria, Efemérides Vimaranenses, manuscrito da
Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II, p. 135)
As ladainhas (ladário ou ladairo)
de Maio ou da Rogação tinham lugar nos três dias que antecedem a Ascensão do
Senhor, tendo a forma duma procissão de prece e penitência que atravessava ruas
e praças de Guimarães. No cortejo, participavam as autoridades religiosas e
civis, ocupando lugar de destaque os membros do Senado municipal. Num dos dias de ladainhas de Maio de 1825, as ladainhas foram perturbadas por incidente singular,
com agressões protagonizadas pelo procurador do Senado, um comerciante conhecido
por Prosódia, e uma mulher demente, que saiu muito maltratada. O incidente levou a que a Igreja da Colegiada fosse considerada poluta (isto é, maculada), ficando
interdita ao culto. A interdição seria levantada dois dias depois.
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