A igreja da Colegiada de Guimarães numa fotografia do primeiro quartel do séc. XX. |
29 de Abril de 1705
O D. Prior de Guimarães, D.
Pedro de Sousa, escreve ao Arcebispo, D. Rodrigo de Moura Teles, dizendo lhe
mandava o seu vigário geral para individualmente lhe relatar o procedimento da
Câmara e do Cabido sobre o recebimento dele Arcebispo nesta vila, o qual seria
como o dos antecessores “não obstante os seus rogos e insinuações para que se
vote a barra mais adiante, porém, estes homens pegam-se à posse, e neste
particular são inflexíveis”. Também lhe dá conta que os D. Priores antecessores
não havia exemplo que assistissem na vila, quando a ela vinham arcebispos, “mas
ele, que se prezava mais de ser Seu capelão que do lugar que ocupava, faria o
que Ele mandasse.” - Este D. Prior era todo abraguesado, cagarola e engraxador.
(João Lopes de Faria, Efemérides Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade
Martins Sarmento, vol. II, p. 77 v.)
As relações entre
Guimarães e Braga foram sempre apimentadas por um conflito, muitas vezes latente, outras tantas manifesto,
cujas raízes mergulham na Idade Média, estando inicialmente relacionada na
rebeldia do clero vimaranense em submeter-se à autoridade do arcebispo de
Braga. Daí que, pela sua repetição, não sejam notícias de particular relevância
as que, ao longo dos séculos, dão conta de manifestações de insubmissão do clero
vimaranense. O mesmo não se dirá de actos e de omissões que vão em sentido contrário, por
serem mais inusitados. Está neste caso a carta que D. Pedro de Sousa, Prior de Guimarães, escreveu
ao arcebispo em 29 de Abril de 1705, testemunhando-lhe de vassalagem pessoal. Os adjectivos que o muito piedoso
vimaranense João Lopes de Faria usou para classificar aquele titular da Colegiada de Guimarães, aveirense de nascimento, falam por si da animosidade que, passados dois séculos, ainda persistia contra ele na memória vimaranense: abraguesado, cagarola e engraxador.
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