Monumento a Afonso Henriques, no seu local de implantação original (antigo largo de D. Afonso Henriques, hoje Alameda de S. Dâmaso)
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Hoje, está generalizada no meio científico a aceitação do nascimento de D. Afonso Henriques no ano de 1109, com base em argumentos que já aqui foram longamente dissecados. Não era assim há um século. Então, seguia-se, geralmente, a opinião de Alexandre Herculano, que aceitava como mais provável o ano de 1111. Foi por essa razão que o 8.º centenário do nascimento do rei fundador teve lugar, em Guimarães, no ano de 1911, com a República, recém instalada, em plena efervescência. Ao longo dos próximos dias, iremos trazer aqui as notícias da celebração afonsina de 1911, tais como as deram os jornais da época.
Centenário de D. Afonso Henriques
Todos nós, vimaranenses, sabemos que no presente ano de 1911 passa o 8.º centenário do mais valoroso e ilustre português que, feliz caso!, teve seu berço nesta pequena e histórica cidade, que todos estremecemos —Guimarães.
É dever nacional festejar esse dia que deu origem às mais soberbas e admiráveis páginas da nossa história — pátria. Porém, se a todo o português, indistintamente de política e localidade, cumpre, nesse dia faustoso e nunca demais celebrado, render a consagração o que o Grande Conquistador insofismavelmente tem merecido jus, a nós aos vimaranenses, mais que a ninguém, assiste essa indeclinável obrigação, que com vontade decidida e entusiasmo inexcedível devemos airosa e brilhantemente desempenhar.
É facto que o inigualável Guerreiro que, a custo de tantos suores, fadigas, trabalhos, sacrifícios e sangue, consolidou a nossa independência e tão largamente estendeu os limites do pequeno condado que herdara de seu pai, exige ou ao menos espera, de todos os que usufruímos as regalias que para nós conquistou, uma prova do gratidão por todos os seus feitos; mas a nós, os que a luz do dia vimos no mesmo cantinho do torrão que Ele tanto idolatrava, bem mais longe nos é imposto fazer chegar data tão gloriosa, solenizando-a com destaque, com realce entre as várias cidades e talvez lugarejos que por ventura estejam eivados dos mesmos sentimentos patrióticos e compenetrados de que a história com todos em geral deseja saldar essa dívida, que a tantos confunde — o engrandecimento.
Bem sei que em Guimarães nisto se pensa já; e quem, ao que parece, se compromete à realização da festa comemorativa do Grande Herói, compreenderá decerto a importância, a imponência que deve revestir essa celebração.
É, contudo, indispensável que todos sem excepção assim raciocinem, que nem um só atraiçoe tão soberba deliberação e que todos, num só braço, concorram para que essa festa atinja o brilho de que o comemorado é digno.
A simpática Associação Comercial é empreendedora de obras de grande alcance, do que há provas de sobejo; mas necessita que a sua boa vontade encontre o apoio de todos, e sobretudo dos que devem e podem auxiliá-la.
Sucedendo assim, veremos esse dia condignamente assinalado; se não, presságio triste auspiciamos, nada de préstimo se realizará, o que seria extremamente vergonhoso.
É dever nacional festejar esse dia que deu origem às mais soberbas e admiráveis páginas da nossa história — pátria. Porém, se a todo o português, indistintamente de política e localidade, cumpre, nesse dia faustoso e nunca demais celebrado, render a consagração o que o Grande Conquistador insofismavelmente tem merecido jus, a nós aos vimaranenses, mais que a ninguém, assiste essa indeclinável obrigação, que com vontade decidida e entusiasmo inexcedível devemos airosa e brilhantemente desempenhar.
É facto que o inigualável Guerreiro que, a custo de tantos suores, fadigas, trabalhos, sacrifícios e sangue, consolidou a nossa independência e tão largamente estendeu os limites do pequeno condado que herdara de seu pai, exige ou ao menos espera, de todos os que usufruímos as regalias que para nós conquistou, uma prova do gratidão por todos os seus feitos; mas a nós, os que a luz do dia vimos no mesmo cantinho do torrão que Ele tanto idolatrava, bem mais longe nos é imposto fazer chegar data tão gloriosa, solenizando-a com destaque, com realce entre as várias cidades e talvez lugarejos que por ventura estejam eivados dos mesmos sentimentos patrióticos e compenetrados de que a história com todos em geral deseja saldar essa dívida, que a tantos confunde — o engrandecimento.
Bem sei que em Guimarães nisto se pensa já; e quem, ao que parece, se compromete à realização da festa comemorativa do Grande Herói, compreenderá decerto a importância, a imponência que deve revestir essa celebração.
É, contudo, indispensável que todos sem excepção assim raciocinem, que nem um só atraiçoe tão soberba deliberação e que todos, num só braço, concorram para que essa festa atinja o brilho de que o comemorado é digno.
A simpática Associação Comercial é empreendedora de obras de grande alcance, do que há provas de sobejo; mas necessita que a sua boa vontade encontre o apoio de todos, e sobretudo dos que devem e podem auxiliá-la.
Sucedendo assim, veremos esse dia condignamente assinalado; se não, presságio triste auspiciamos, nada de préstimo se realizará, o que seria extremamente vergonhoso.
Manuel.
Imparcial, 10 de Março de 1911
5 Comentários
Um abraço
Eram tantos os uns, que me perdi...
Vou corrigir.
Um abraço
Se, por acaso, quiser ler o que escrevi em relação à data e local de nascimento de D. Afonso Henriques:
http://andancasmedievais.blogspot.com/2011/02/data-e-local-de-nascimento-de-d-afonso.html
Cumps
Já tinha lido, com interesse, o texto que publicou no seu blogue sobre a data e o local em que Afonso Henriques teria nascido. Se, quanto ao ano de nascimento, hoje existe um razoável consenso que aponta para o ano de 1109, já quanto ao local, à falta de evidência documental, terá que prevalecer, como diz, a tradição. Aliás, estou em crer que a reivindicação viseense não passou de um fogo-fátuo que já se vai apagando. Sobre este assunto, sugiro, caso tenha paciência para tal, a leitura destes textos, que encontra condensados em pdf, aqui.
Saudações cordiais
Saudações amigas