Robert Scott em visita à Sociedade Martins Sarmento (20 de Julho de 2008)
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Ontem foi assinalado, com a solenidade usual, mais um 24 de Junho, comemorando os 883 anos da “primeira tarde portuguesa”. A cerimónia foi marcada pela entrega de medalhas de ouro da cidade a cinco personalidades de inegáveis méritos: uma figura histórica das nossas artes musicais, um jovem investigador com um extraordinário currículo internacional, uma mulher de cultura que deixou uma marca profunda em Guimarães, o Presidente do Comité Europeu de Selecção e Monitorização das Capitais Europeias da Cultura e uma ex-Ministra da Cultura. A homenagem aos distinguidos foi singela e tocante.
Foi particularmente comovente a distinção a Maria José Laranjeiro, que nos recordou o quanto nos pesa a sua ausência, num tempo tão exigente, incerto e desafiante como aquele que vive hoje a cultura em Guimarães.
As medalhas entregues a Isabel Pires de Lima e a Robert Scott assumem particular simbolismo nos dias que correm, em que tanto se discute o que irá ser a Capital Europeia da Cultura. São dois nomes que nos remetem para um tempo em que os cidadãos estavam carregados de expectativas positivas em relação ao que iria acontecer em 2012. Recordo que foi Robert Scott que notou, em Julho de 2008, quando se trabalhava no projecto de candidatura a apresentar a Bruxelas, que “em 2020, quem vier a Guimarães há-de sentir que em 2012 aconteceu aqui algo de diferente e importante”. Com uma sabedoria feita de conhecimento e de experiência, alertou-nos para o imperativo de bem aproveitar a “oportunidade fantástica” que a cidade tinha à sua frente, que lhe permitiria concretizar, em pouco tempo, um trabalho que, em circunstâncias normais, demoraria várias décadas. Não estou seguro de que o caminho que se tem seguido desde então vá na direcção para que Robert Scott apontava.
Uma nota final: ao cair da tarde de ontem não faltava quem fizesse um paralelo entre a sessão que estava a terminar e a que serviu para apresentar o esboço de programação para a CEC, que aconteceu no dia 30 de Janeiro deste ano. As semelhanças eram evidentes: muitos convidados, muito público, nem sequer faltando centenas de crianças em palco, com as respectivas famílias na sala. Desta vez, sem call-centers pagos a peso de ouro, nem serviço de pajens contratados, tudo correu sem sombra de problemas. A diferença entre ambos os momentos pode medir-se pela distância que vai entre o profissionalismo competente e o amadorismo negligente (e caro).
4 Comentários
Ainda a propósito do que sai caro, recordo o já célebre concerto de Bobby McFerrin, “ajustado” com uma associação de estudantes do Porto por uma pipa de massa (ao que li neste blogue, o dobro do que o artista custa no mercado). Recordo que a FCG, perante as dúvidas que levantou, terá afirmado que aquele valor incluía a produção do espectáculo. Pelos vistos, não inclui a divulgação. Pelos vistos, não inclui o aluguer da sala, como se pode ver por mais este ajuste directo da Fundação, que vai pagar 9.435,00 € para “aquisição de serviços de apoio logístico e disponibilização de sala de espectáculo para a realização no Multiusos de Guimarães do espectáculo do artista Bobby McFerrin, a ocorrer no dia 03 de Julho de 2011, no âmbito da programação cultural (Cluster Comunidade) de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura”. Pergunto: de que é que consta, afinal, a produção do espectáculo a cargo da AEESMAE? Isto cheira-me a caso de polícia.
É assim que se ensina esta gente!Nem em 2015 ela vai ser capaz de fazer um discurso destes!Aliás vai demorar uns meses a digerir este!Há partes que ela nem percebeu...
Sublinhar a ausência de personagens 2012 neste evento. A Cristina de Azevedo cumpriu apenas o protocolo. Parece que já me estou a ver daqui a um ano, as personagens 2012 em segundo plano, sorrindo, alegres e radiosas, aquando da inauguração da Plataforma das artes.
O termo que tanto se tem falado - envolvimento - faz-se com a presença e consequente partilha destes momentos. Mais isto não interessa nada às ditas personagens.(terão sido convidadas?)
Um último apontamento para a imagem que o nosso querido Vasco criou. Não sei bem explicar, mas sinto que me representa enquanto vimaranense, é algo identitário, tribal, como diria um bom amigo. Algo que as personagens 2012 nunca compreenderão. Que bom seria ver o conjunto simbólico, que a imagem representa, ser projectado a um nível europeu. Os nossos visitantes perguntariam quem é aquele que se apresenta? E que força que transmite! Ao invés, questionam um coração? Mas porquê? Pode ser a imagem de Guimarães ou de outra cidade qualquer!
Assim vamos nós cá pelo Burgo. Estranho este silêncio desmoralizador a que a sociedade civil se prestou após a encenação do outro dia…
Bem hajas Amaro!