Ramalho Ortigão, na sua obra O Culto da Arte em Portugal, refere-se às obras da Colegiada da Oliveira da década de 1830, que já tinham sido objecto de severa crítica por parte de Alexandre Herculano. Ramalho dá particular relevo a um vitral que "fazia explodir em apoteose a policromia do espelho" e que, tanto quanto é possível saber-se, nunca terá existido:
Em Guimarães mascaram indignamente de cal e de madeira as colunas e as arcarias da venerável igreja de Nossa Senhora da Oliveira, fundada nos primeiros anos do século X pelo conde Hermenegildo Mendes e por sua mulher a condessa Mumadona. No claustro do século XIII, que envolve uma parte da igreja, revestem de caixilharia envidraçada a graciosa arcaria, e rebocam espessamente a cal os capitéis das colunas. A flamante janela gótica, que por cima da porta, na fachada do templo, fazia explodir em apoteose a policromia do espelho, emoldurado na sua larga cercadura esculpida de silvados, historiada de estatuetas de santos em fantasiosos ressaltos de mísulas, sob rendilhados baldaquinos, é impiedosamente arrasada e substituída por uma chapada de cantaria corrida, perfurada por quatro óculos.
(Ramalho Ortigão, O Culto da Arte em Portugal, António Maria Pereira, Livreiro-Editor, Lisboa, 1896, págs. 70-71)
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