No Toural, durante muito tempo, não houve árvores: as primeiras foram plantadas em 1859 e, ao longo do século XX, tanto tivemos o Toural com árvores, como sem elas. Portanto, o problema das árvores no Toural tem sido um problema de jardinagem: tanto se plantam, como se abatem (até a pedido dos moradores), conforme o gosto e a moda. Para mim, é claro que as árvores que hoje estão no Toural, para além de não terem particular beleza ou interesse botânico, como o debate já permitiu perceber, funcionam como barreiras visuais que reduzem a percepção da grandiosidade da praça. E, se se tomar como adquirida a inevitabilidade da construção de um parque subterrâneo na zona em discussão (Alameda e Toural), é evidente que opção pelo Toural é, manifestamente, a mais acertada. Aqui, parece-me bem sustentado o argumento do arquitecto Seara de Sá: fosse o parque construído na Alameda e o arboricídio teria a dimensão de uma hecatombe, tanto pela quantidade, como pela qualidade das árvores a abater. Portanto, em matéria de árvores, os argumentos mais consistentes inclinam a praça para o lado dos autores do projecto em discussão, que até assumem o compromisso de mandarem plantar na Alameda, em dobro, as árvores que fossem cortadas no Toural.
O eventual corte das árvores colocará um problema que tem sido debatido ciclicamente, sempre que se fala em intervenções neste espaço da cidade: a necessidade de criação de abrigos para os frequentadores da praça. Convirá notar que a introdução das primeiras árvores no Toural, em meados do século XIX, se prende com o desaparecimento dos abrigos das alpendradas que rodeavam a praça nas suas frentes voltadas para Poente e Norte, que aconteceu pela mesma altura. E o assunto voltou a ser discutido quando desapareceu o jardim romântico, logo após a instauração da República. O projecto de marquise do capitão Luís de Pina procurava dar resposta a este problema, oferecendo “aos vimaranenses um lugar de estacionamento apropriado”. A preocupação era a mesma de hoje: evitar que o Toural se transformasse num território inóspito.
Não me parece que o projecto que está em discussão já tenha uma solução para o problema que, fatalmente, se colocará com a retirada das árvores do Toural. Estou certo de que a imaginação dos projectistas terá que ir um pouco mais além dos chapéus-de-sol das esplanadas, para que se torne a praça mais confortável para os utentes, seja Verão ou seja Inverno. Se será com árvores de diferente porte das actuais, com pérgulas ou mesmo com a retoma da marquise do Pina, é o que falta saber
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