O relógio estrábico da torre de S. Pedro, visto da janela da minha cozinha. |
O
homem é o único animal que necessita de um medidor do tempo para
saber a quantas anda. Os relógios marcam o ritmo da vida dos homens
desde a Antiguidade. Começaram por contar o tempo com areia, água
ou raios do Sol, e tinham nomes belíssimos – ampulhetas,
clepsidras, relógios de sol. Com o tempo, foram-se transformando em
engrenagens cada vez mais complexas. Há quem diga que o primeiro
relógio mecânico foi criado por um monge budista do primeiro
milénio antes de Cristo, que teria congeminado um sistema que era
accionado pelo peso de sessenta baldes de água, cada qual marcando
um segundo, embora haja quem defenda que tenha sido o papa que
assistiu na cadeira de S. Pedro à passagem do ano 1000, Silvestre
II. Os primeiros relógios de torre, que eram accionados por sistemas
de pesos e rodas dentadas, terão surgido quando se aproximava o
século XIV.
No
início do século XV, Guimarães já tinha o seu relógio, na torre
da Colegiada. Era ele que marcava as horas canónicas e dizia quando se abriam e se fechavam as portas da muralha que cercavam
a vila.
Com
o crescimento urbano, que alargou a vila, depois cidade, para fora
dos velhos muros medievais, as gentes de Guimarães começaram a
reclamar um novo relógio, “mais central”, ou seja, no Toural. A
iniciativa de um particular, o mestre relojoeiro José Clemente Jácome,
colocou lá um com dois mostradores, ao centro da fachada do lado
nascente, dita pombalina. Começou a funcionar no final do Verão de
1876. Seria preciso esperar até 1938 para que fosse colocado o
relógio-carrilhão da torre da Basílica de S. Pedro.
É
por ele que ainda se guia quem cozinha cá em casa. Há uns meses,
parou. E de tal paralisia (difícil de compreender num organismo tão
novo, já que, ao que me dizem, a máquina que o fazia mover foi
instalada já no século XXI) já resultaram alguns desarranjos nos
horários das refeições, com uns jantares que se adiantam e uns
almoços que se atrasam em relação à hora de sempre.
Por
estes dias, enquanto esperámos que o relógio da torre de S. Pedro se volte a mover, nas Memórias de Araduca iremos mergulhar na
(interessante) história dos relógios públicos de Guimarães.
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