Vista para o Toural, a partir do terreiro de S. Sebastião, com a torre de S. Pedro sem relógio. Fotografia pintada do início do século XX. |
[continua daqui]
Quando foi construída a torre da basílica de S. Pedro do Toural, abriram-lhe quatro óculos no topo, para a colocação de um relógio com quatro mostradores, voltados para os quatro pontos cardeais. A igreja foi dada por concluída em meados da década de 1880. O dinheiro, que não tinha chegado para a construção da segunda torre, também não foi suficiente para a colocação do relógio na torre que se ergueu. Os óculos para o relógio ficariam cegos durante mais de meio século, como se percebe pelas fotografias que acompanham este texto.
Quando foi construída a torre da basílica de S. Pedro do Toural, abriram-lhe quatro óculos no topo, para a colocação de um relógio com quatro mostradores, voltados para os quatro pontos cardeais. A igreja foi dada por concluída em meados da década de 1880. O dinheiro, que não tinha chegado para a construção da segunda torre, também não foi suficiente para a colocação do relógio na torre que se ergueu. Os óculos para o relógio ficariam cegos durante mais de meio século, como se percebe pelas fotografias que acompanham este texto.
Nas primeiras décadas do século XX, muitas
vezes se falou em Guimarães na necessidade de dotar o Toural com um
relógio, que era muito necessário, especialmente para a actividade comercial e que tinha lugar reservado na torre de S. Pedro. Mas epressa se percebeu que não seria fácil angariar meios suficientes para avançar com esse
projecto.
Em
1915, o padre
António Monteiro avançou como uma subscrição para o relógio. A notícia, breve,
encontrámos-la
no jornal O
Comércio de Guimarães,
de 26 de Novembro de 1915:
Novo
relógio
O
nosso bom amigo o rev. António Monteiro, como patriota que se preza
de se, teve
a feliz lembrança do, auxiliado
por alguns negociastes
do Campo do Toural,
se
constituírem
comissão
e,
angariando os meios
indispensáveis, adquirirem
um relógio
que
será colocado
na torre
da linda basílica
de S. Pedro.
Nada
mais justo. Um relógio
naquele
local
é de
grande utilidade,
polo que nos
parece ser uma realização
tão
bela iniciativa.
Pela falta de notícias (e dos mostradores na torre), percebe-ses
esforços do padre Monteiro e da comissão não
alcançaram o sucesso almejado. S. Pedro continuaria sem relógio. Nos
anos que se seguiram, o assunto voltaria recorrentemente às
conversas dos vimaranense, até que em 1928, se avançou como uma
nova angariação de fundos para dotar a torre de S. Pedro de um
enorme relógio, com quatro mostradores. A
iniciativa partiu do monsenhor José Maria da Silva, juiz da Irmandade
de S. Pedro. O
Comércio de Guimarães
deu notícia deste projecto de melhoramento na sua edição de 30 de
Novembro de 19278
Melhoramento
Se
não estamos em erro fomos os primeiros a noticiar um melhoramento
para a cidade mas em especial para o comércio.
Vemos
agora que outros colegas do mesmo fazem eco, isto é, a resolução
de se conseguir um enorme relógio, com quatro mostradores, e que
será colocado n0 ponto mais alto da Basílica de S. Pedro.
Esta
ideia, partiu, segundo nos dizem, do digno juiz da Irmandade de S.
Pedro Monsenhor José Maria da Silva, um grande e denodado amigo de
Guimarães.
Não
há dinheiro, e sabemos que o público está demasiadamente
sobrecarregado, mas também sabemos que os vimaranenses não
fecharão, mais uma vez, a sua bolsa a tão bela iniciativa, o que
será, inútil é dizê-lo, um grande melhoramento para a cidade, mas
em especial para o comércio, que está longe, muito longe, do
relógio da Oliveira.
No
entanto, ainda não foi desta vez que a torre de S. Pedro começou a
dar as horas aos vimaranenses. As diligências do juiz da Irmandade também não tiveram sucesso.
A torre da basílica do Toural ainda ficaria mais uma década sem relógio.
A fotografia do Toural de 1888, a mais antiga conhecida, com o jardim com grades e a basílica de S. Pedro, concluída poucos anos antes, sem relógio. |
O Toural numa fotografia da primeira década do século XX. |
O Toural na década de 1910, já com o monumento a D. Afonso Henriques, sem árvores, sem mosaico no chão e com a torre de S. Pedro sem relógio. |
[continua]
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