A freguesia de Santo Adrião de
Vizela tem uma história que passa por quatro concelhos diferentes. Pertenceu a
Guimarães até 1835, ano em que passou a integrar o concelho que foi
estabelecido na circunscrição do julgado de Barrosas, então criado. Com a
extinção do concelho de Barrosas, em 1852, foi englobado, no ano seguinte, no
de Felgueiras, a que pertenceu até à instituição do concelho de Vizela, em 1998.
Santo Adrião de Riba de Vizela
José Monteiro Vaz, abade das paroquiais igrejas de Santo Adrião de
Vizela e sua anexa São Jorge de Vizela, em cumprimento de uma ordem ambulatória
do Muito Reverendo Senhor Doutor Provisor do Arcebispado de Braga, na qual
mandava respondesse aos quesitos do mapa incluso a qual satisfazendo, digo na
forma seguinte.
É esta freguesia de Santo Adrião de Vizela, Província de
Entre-Douro-e-Minho, Arcebispado de Braga e termo da vila de Guimarães.
Ao segundo, é terra de el-rei meu senhor.
Ao terceiro, tem cento e trinta e um fogos ou vizinhos.
Ao quarto, está situada num plano dos mais vistosos da ribeira de
Vizela, vizinhando com o rio Vizela. Dela se descobre só a freguesia de Tagilde.
Poderá ter ao redor três quartos de légua.
Ao quinto, não tem termo seu. Compreende dezoito lugares, a saber,
Lamelas, Lagoas, Silvares, Passo Meão, Passos, Alfeixim, Quintãs, Palhais,
Britelo, Carvalhinhos, Monte do Crasto, Casal, Casalinho, Tigens, Outeirinho,
Bouço, Cruz.
Ao sexto, está esta paróquia dentro e no meio da freguesia e os
lugares acima.
Ao sétimo, o orago é Santo Adrião de Vizela. Tem quatro altares,
um do Sacramento e padroeiro, outro do Rosário, outro de Santo António, outro
das Almas, e três portas. Tem uma irmandade de Santo André e confraria do
Sacramento e Rosário.
Oitavo, esta igreja é abadia, de apresentação da Mitra de Braga,
tem de renda anual, com a sua anexa, quatrocentos mil réis.
Ao nono, décimo e undécimo, nada, e duodécimo, nada.
O décimo terceiro, tem cinco capelas ou ermidas, a primeira São
Gonçalo, a Senhora da Tocha, onde também tem irmandade, Santa Cruz do Casal,
Nossa Senhora de Lamelas e São Cláudio de Lagoas, todas de dentro e nos limites
da freguesia.
Ao décimo quarto, não sei que acudam romagem às ditas capelas,
excepto à de Nossa Senhora da Tocha, a que no tempo da Quaresma concorrem
alguns clamores de fora, nos dias das sextas-feiras.
Ao décimo quinto, os frutos da terra que se colhem com mais
abundância são milhão grosso.
Ao décimo sexto, está sujeita às justiças da vila de Guimarães.
Ao décimo sétimo, nada.
Ao décimo oitavo, nada.
Ao décimo nono, o mesmo.
Ao vigésimo, serve-se do correio da vila
de Guimarães, em que vem nas segundas e parte nas quintas e é de distância uma
légua.
Ao vigésimo primeiro, dista da cidade de
Braga, cabeça do arcebispado, quatro léguas e de Lisboa, cabeça do reino,
sessenta léguas.
Ao vigésimo segundo, tem privilégio de
Nossa Senhora da Oliveira, que está incorporado no Casal de Lagoas.
Ao vigésimo terceiro, nada e o mesmo ao
vigésimo quarto.
Ao vigésimo quinto, nada.
Ao vigésimo sexto, suposto tremeu a
terra com admiração de todos com o terramoto, não houve ruína alguma, pela
bondade de Deus.
Segue-se a serra de Santo Adrião de
Vizela.
Ao primeiro, confina esta freguesia,
pela parte do Sul, com a serra chamada Choqueiro que terá um quarto de légua de
largo e outro de comprido. Tem ao redor de si cinco freguesias, esta e Santa
Eulália, Santo Estêvão, Idães e Revinhade. Está dito ao primeiro e segundo e
terceiro e quarto e quinto e sexto e o mesmo o sétimo.
Ao oitavo, não tem esta serra, que
conste, ervas medicinais nenhumas. Dá muito tojo.
Ao nono, nada.
Ao décimo, é de bom temperamento.
Ao undécimo, há nela criações de gado, ovelhas,
cabras, bestas, coelhos, lebres e perdizes.
Ao duodécimo e ao décimo terceiro, nada.
Rio desta terra.
Refresca toda esta ribeira o rio chamado
Vizela, cujo nascimento ignoro. Só me dizem que tem princípio numa fonte
chamada Vizela, de onde o rio tomou seu nome, nasce nesta fonte num rego de
regar e, depois, se vai multiplicando por rio e ribeiros, que ignoro por
distante. E fica respondido ao primeiro e segundo e terceiro.
Ao quarto, só pode andar barcos.
Ao quinto, é numas partes arrebatado e outras
quieto.
Ao sexto, corre de Nascente a Poente.
Ao sétimo, cria peixes de todas as
castas e é mais abundante de bogas, mas neste território não costumam andar peixes
que se criem no mar.
Ao oitavo e nono, nada.
Ao décimo, cultivam-se os campos ao redor
e tem árvores que dão vinho e outras que o não dão.
Ao undécimo, nada.
Ao duodécimo, sempre conservou o mesmo
nome e só o perde quando se sepulta no rio Ave, que é junto à ponte de Serves.
Ao décimo terceiro, está dito.
Ao décimo quarto, tem muitas levadas,
pelas quais não é navegável.
Ao décimo quinto, tem bastantes pontes.
Neste meu sítio tem de cantaria a Ponte Nova, e a Pinguela, que é de pau.
Ao décimo sexto, tem muitos moinhos e
azenhas.
Ao décimo sétimo, nada.
Ao décimo oitavo, neste sítio não se pode tirar dele águas para
regar, só serve para o mister das azenhas e moinhos.
Ao décimo nono, terá o rio, desde onde nasce até aonde se junta
com o Ave, cinco léguas e meia, pouco mais ou menos.
Ao vigésimo nada.
E nada mais sei do sobredito que, por verdade, conferi com os
reverendos párocos de Santa Eulália de Barrosas e o de Santa Comba de Regilde,
abaixo assinados.
Santo Adrião de Vizela e de Abril quinze de mil e setecentos e
cinquenta e oito anos.
O abade José Monteiro Vaz.
O abade Rodrigo de Sousa Lobo.
O vigário Manuel Machado da Silva.
“Vizela,
Santo Adrião de Riba”, Dicionário Geográfico de Portugal (Memórias
Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo, vol. 41, n.º 351. p. 2123 a 2126.
[A seguir: Santa Eulália de
Barrosas]
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