Pertenceu ao concelho de Guimarães
até 1835, data em que foi elevada a vila e sede de um concelho, Barrosas, que
teria vida curta. Em 1852 o concelho foi extinto e Santa Eulália de Barrosas
foi anexada ao concelho de Lousada. Faz parte do concelho de Vizela desde a sua
criação.
Com Santa Eulália de Barrosas,
fica concluída a publicação das memórias paróquias de 1758 referente às
freguesias que antigamente pertenceram ao termo do concelho de Guimarães e que
agora integram o jovem concelho de Vizela.
Santa Eulália de Barrosas
Padre
Manuel Machado da Silva, pároco de Santa Eulália de Barrosas, termo da vila de
Guimarães, do Arcebispado de Braga, em satisfação de uma ordem deambulatória do
muito reverendo Senhor Doutor Provisor da cidade de Braga, em que mandava
responder aos interrogatórios do mapa incluso, ao qual respondo na forma e
maneira seguinte.
Ao
primeiro, fica esta igreja na província de Entre-Douro-e-Minho, Arcebispado de
Braga, comarca secular e termo de Guimarães.
Ao
segundo, é terra de el-rei meu senhor.
Ao
terceiro, tem duzentos fogos ou vizinhos, e tem seiscentas pessoas de
sacramento.
Ao
quarto, está situada num baixo encostado ao monte Pena Besteira, da parte do
Poente. Nada se descobre dela. Tem de distância, ao todo, uma légua.
Ao
quinto, não tem termo seu, tem oitenta e quatro lugares ou aldeias.
Ao
sexto, está a igreja no meio da freguesia. Tem os lugares acima, que são:
Igreja, Assento, Casais, Cruz, Devesinha, Senra, Boavista, Bouça, Cobelo, Cabo,
Pomaresm Campo da Eira, Sá, Ribeiro, Acelho, Março, Souto, Venda, Pereiras,
Portelas, Bouças, Barreira, Lamela, Barreiro, Herdade, Vinha, Portelo,
Entre-as-Vinhas, Latada, Eiras, Gotinha, Eira Vedra, Sernugueira, Fundo,
Quintã, Quinteiro, Passo, Lavandeira, Costa, Carreira Chã, Água Coada, Campo,
Devesinha, Telhado, Quintela, Ramada, Outeiro, Taipa, Torre, Casa Nova,
Penedos, Rio, Cabreiro, Bouça, Pomarelho, Outeiros, Pulo, Formigosa, Vilas
Poucas, Pousada, Bouça, Mó, Ramilho, Prados, Caselho, Monte, Bouço, Carreira,
Bairro, Fontes, Quintais, Souto, Porta, Mandamentos, Nogueira, Carreiro, Souto
Longo, Mondinho, Romprelhas, Forno, Rabordelos, Pias, Riqueixos, Ermida.
Ao
sétimo, é o orago Santa Eulália de Barrosas. Tem cinco altares, o do
Sacramento, o da Padroeira e Santo António, o da Senhora do Rosário e São Brás,
o das Almas e o de São Sebastião e Nome de Deus e o da Senhora da Purificação,
São Gonçalo e Santa Tecla. Tem cinco portas, uma principal e três travessas e a
da sacristia. É curado dos padres da Costa de São Jerónimo. Renderá para os
ditos padre, de dizimária e sabidos, três mil cruzados.
Ao
nono, décimo, undécimo e duodécimo, nada.
Ao
décimo terceiro, tem três capelas. Uma de Santa Ana, em Sá, outra da Senhora
das Necessidades, no Bairro, outra na Ermida, de Santo Aleixo.
Ao
décimo terceiro, todas estas capelas estão reedificadas de novo e ficam nos
limites da freguesia e não tem romagem nenhuma delas, excepto a do Bairro, em dia
de Santa Luzia, que tem na dita capela. E não há irmandades, excepto, na
igreja, a irmandade das benditas Almas, e fica respondido ao décimo quarto.
Ao
décimo quinto, os frutos desta terra são pão e vinho em abundância. E também dá
de todos os mais legumes e criações de gados, porque, como são a maior parte
deste povo lavradores, são ardilosos em tudo o que podem fazer algum lucro. Não
tem juiz ordinário, mas sim juiz secular da vila de Guimarães e sua Câmara. E,
no eclesiástico, a cidade de Braga. E fica respondido ao décimo sexto.
Ao
décimo sétimo, e oitavo, e nono, nada. Terra de V. A. Real Majestade.
Ao
vigésimo, serve-se esta terra do correio de Guimarães, que fica distante desta
freguesia légua e meia, vem nas segundas e parte nas quintas.
Ao
vigésimo primeiro, dista da cidade de Braga, cabeça do arcebispado, quatro
léguas e meia e de Lisboa, cabeça do reino, sessenta léguas.
Ao
vigésimo segundo, tem três privilégios de Nossa Senhora da Oliveira, Um em Sá,
outro no bairro, outro na Taipa, todos incorporados em suas fazendas ou terras,
Ao
vigésimo terceiro e quarto e quinto e sexto, nada.
Ao
vigésimo sétimo, o terramoto fez grande abalo, porém, pela misericórdia de
Deus, nada de maior sucedeu.
Serra
Ao
primeiro, tem a serra de Chuqueiro, que tem légua e meia, pouco mais ou menos,
em redondo. Fica da parte do Nascente. É natural de bom mato de foice.
Principia no Bom Jesus, que fica distante meia légua desta parte do Sul. Ao
terceiro, nada.
Regato
chamado Sá.
Ao
terceiro, tem esta freguesia um regato de natural de trutas, e escalos, e
enguias. De Inverno muito soberbo e despenhado, no Verão pouca água. Principia
na fonte chamada Cruz do Arieiro de Santa Águeda, da parte do Sul, na freguesia
de Santiago de Lustosa, que confronta com esta distante três quartos de légua,
e depois se aumenta com outros ribeiros e fontes que vêm da freguesia de Santo
Estêvão de Barrosas, que também confronta com esta freguesia, carregando a
parte do Nascente e vem este regato pelo meio da freguesia e lhe serve de águas
a maior parte das terras e vai acabar ao rio Vizela, que passa pelos limites e
confins de nossas terras, e nele se mete e terá, de onde principia até onde
acaba, perto de uma légua. Corre para a parte do Norte.
Ao
quarto, fica esta freguesia entre montes, da parte do Nascente Chuqueiro, do
Poente Pena Besteiro, monte de Saganho, mais que de longe, da parte do Sul,
monte Riqueixos de Leirosa, da parte do Norte, o monte São Bento, de mato.
Ao
nono, nada.
Ao
décimo, é de bom temperamento e há nesta terra gados de bois e bestas e
ovelhas, e abelhas, e cabras, e coelhos, e lebres, e perdizes, e pessoas de
todas as castas, suposto não há reais, nem estrangeiros.
Rios
Ao
primeiro, já tenho dito que não há mais que este regato. Saem muitos regos para
regar as terras. Chama-se o regato de Sá. Hoje está um brasileiro que é provido
de bons bens e homem perfilhado de V. A. Real Majestade, com hábito de Cristo e
não há nesta freguesia pessoas de maior distinção, só sim a maior parte
lavradores e gente cristã velha, e está respondido ao primeiro, e segundo, e
terceiro artigo.
Ao
quarto, e quinto, e sexto, e sétimo, e oitavo, e nono, nada mais do que aqui
está dito.
Ao
décimo, cultivam-se muitos campos com árvores de vinho e outras que não têm
nada.
Ao
undécimo, nada.
Ao
duodécimo, nada.
Ao
décimo terceiro, nada.
Ao
décimo quarto, tem este regato muitos moinhos e levadas para eles, e tomam as
suas águas para os campos.
Ao
décimo quinto, tem uma ponte de pedra no ribeiro de Sá, e outras pinguelas de
pau, em três ou quatro partes, tudo no termo desta freguesia.
E
nada do décimo sétimo, e décimo oitavo.
E
aos mais itens só mesmo nada, só sim tem este regato um moinho de pão no lugar
de Sá e acaba o regato no lugar chamado Vadinhão da Venda. Tem esta freguesia
bastantes fontes e, se pode dizer, cada lugar tem uma. As mais principais são a
fonte do Bairro, e a fonte do Monte, e a fonte de Quintela.
E
nada mais sei do sobredito, que por verdade conferi com os reverendos se Santa
Comba de Regilde e de Santo Adrião de Vizela, abaixo assinados.
Santa
Eulália de Barrosas, doze de Abril de mil setecentos e cinquenta e oito.
O
vigário Manuel Machado da Silva.
O
abade Rodrigo de Sousa Lobo.
O
abade José Monteiro Vaz.
“Barrosas, Santa Eulália de”, Dicionário
Geográfico de Portugal (Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do
Tombo, vol. 6, nº
57, p. 399 a 402.
0 Comentários