Foi
em S. Vicente de Mascotelos, no lugar de Bugalhós, que nasceu, em
1853, João Gomes de Oliveira Guimarães, o futuro Abade de Tagilde,
historiador de Guimarães que, ao virar do século, iniciaria a
compilação sistemática dos Vimaranis
Monumenta Historica,
obra monumental que pretenderia coligir os documentos da história
vimaranense, cuja publicação foi interrompida pela sua morte. Até
hoje.
Antigamente
chamava-se Marcetelles. Em
meados da década de 1830 foi anexada a S. Tiago de Candoso. Os seus
moradores não aceitaram de bom grado a anexação e exigiram o
regresso à antiga autonomia, o que lhes foi deferido em Novembro de
1837. No início de 1896, foi reposta a anexação a S. Tiago de
Candoso, de que tornaria a separar-se, até ser extinta em 2013,
juntando-se novamente a S. Tiago. Até ver.
Ali
acontecia uma feira de gado quinzenal, que já se realizava em 1651.
Em 1680, o rei D. Pedro emitiu uma provisão regulando
a venda de géneros, com referência especial aos vinhos, na feira de
Santo Amaro, com o propósito de evitar distúrbios entre os
vendedores. Logo a seguir, o juiz e os vereadores da vila de
Guimarães interpuseram um processo na Relação do Porto, com o
propósito de levar a feira de gado de Santo Amaro para a vila. Em
Abril de 1681, uma nova provisão régia ordenava que se respeitasse
a deliberação da Câmara de Guimarães de passar a fazer a feira de
gado na vila, devido ao
“grande inconveniente em se fazer no dito lugar de Santo Amaro,
onde se praticavam roubos, enganos e descaminhos, e por neste lugar
de novo ser mais conveniente ao povo e arrecadação da fazenda real,
sem embargo de qualquer sentença que houvesse da Relação do
Porto”. A
feira de Santo Amaro passaria a ser anual, acontecendo no dia 15 de
Janeiro de cada ano, quando se celebra o santo que lhe dá o nome.
Por
estas terras não faltas histórias de mouras encantadas, de tesouros
escondidos,
de aparições
e de outras tradições
fabulosas. Como esta, que Martins Sarmento contou nos seus
apontamentos etnográficos:
No monte de Santo Amaro tem sido visto de noite e ainda há pouco tempo um vulto estranho: é um vulto duma altura desconforme, vestido duma como alva de padre, mas sem cabeça, nem mãos. Traz um guarda-chuva. Como o segura, se não tem mãos? Não se sabe. Sabe-se que não tem mãos e se cobre com um guarda-chuva. Que não tem cabeça também não sofre dúvida, porque, bem que o guarda-chuva deva cobrir-lhe a cabeça, os que o viram afirmam que ele se volta para um lado e outro, deixando ver claramente que é decapitado.
Infelizmente,
não chegou até nós a resposta do cura de Mascotelos aos
questionários das Memórias Paroquiais de 1758.
Mascotelos
Mascotelos
é aldeia e paróquia do termo da vila Guimarães, na comarca do
mesmo nome. O seu povo consta de 29 fogos, com 74 almas de
sacramento, na matriz dedicada a São Vicente Mártir.
O pároco
é cura apresentado pelo Cabido da Colegiada de Guimarães e tem de
côngrua 30$000 réis.
“Mascotelos”,
Dicionário Geográfico de Portugal
(Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo,
Vol. 42, n.º
171, p. 86.
[A
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