Largo de S. Francisco, em 1899. |
Guimarães
Esta
velha cidade portuguesa, à qual se ligam as mais nobres e curiosas
tradições da nossa história como país independente, é não só
uma das mais bonitas, mas também das mais laboriosas do país.
Segundo
a crónica, foi fundada pelos galos-celtas quinhentos anos antes de
Cristo. Alguns autores sustentam que ela é a celebrada Araduca, e
outros que o seu primitivo nome era Vimaranes. derivado das palavras
latinas Via maris que se encontraram escritas numa torre da
primitiva povoação que depois ficou fazendo parte do castelo. Nela
nasceu D. Afonso Henriques, o primeiro rei português, que ali
estabeleceu a sua corte. O templo de Nossa Senhora da Oliveira
mandado edificar pela condessa Mumadona, tia de D. Ramiro II rei de
Leão, e depois restaurado pelo conde D. Henrique, tem as honras de
capela real, colegiada e privilégios de sé catedral. Nele existe a
pia cm que foi baptizado el-rei D. Afonso Henriques e o oratório de
prata maciça que os portugueses tomaram ao rei de Castela na
memorável batalha de Aljubarrota. O castelo ainda conserva as suas
sete torres, com a de menagem ao centro.
Na
cidade existem em vários pontos muitas inscrições romanas e as
ruínas do paço do conde D. Henrique e do dos duques de Bragança
fundado pelo i1.º duque D. Afonso. O brasão de armas desta nobre
cidade portuguesa, é um escudo coroado, tendo em campo de prata a
imagem de Nossa Senhora com o menino Jesus nos braços e um ramo de
oliveira na mão esquerda.
Nela
nasceu o papa S. Dâmaso, o cardeal D. Paio Galvão e outros homens
notáveis e ilustres. Conservou-se com a classificação de vila até
ao reinado de D. Maria II, em que foi elevada à categoria de cidade.
Pertence
ao arcebispado de Braga, tem 4 freguesias, e conta para cima de nove
mil habitantes.
Imagem
e texto reproduzidos de: Brasil-Portugal, revista quinzenal ilustrada,
Ano 1, N.º 8, 16 de Maio de 1899, pág. 8 (da recolha de Nuno
Saavedra; disponível na Hemeroteca Digital de Lisboa)
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