O Cruzeiro de Polvoreira

Cruzeiro do Senhor das Ânsias (Polvoreira) - fotografia colhida no site www.panoramio.com.

Em Polvoreira, numa encruzilhada de caminhos, está erigido um magnífico cruzeiro que, no Inventário do Património Arquitectónico português é assim descrito:
Soco constituído por dois degraus, quadrangulares, em cujo centro se ergue plinto bojudo, com escócia e as faces profusamente decoradas, com folhas de acanto, sustentando coluna galbada, com fuste e coxim em forma de gomo, separados por anelete, encimada por cruz latina de secção circular com terminais em cone, com o Crucificado com pés sobrepostos e cabeça pendendo para a esquerda.
Segundo o mesmo inventário, será, provavelmente, obra do século XVIII, e terá tido a sua primeira implantação original “no Largo do Toural, no centro de Guimarães”. Esta informação baseia-se numa referência de José Maria Gomes Alves, no segundo volume do seu “Património Artístico e Cultural de Guimarães”, página 194, onde se lê:
Sabe-se que é precisamente o cruzeiro que se situava em pleno centro da cidade, muito próximo daquele fragmento de muralha que hoje exibe a legenda tão cheia de provincianismo bairrista “Aqui Nasceu Portugal”. Completava certamente um quadro que seria muito interessante, onde figurava como peça principal a velha igreja da freguesia de S. Paio, com seu adro e outros pertences, empurrada para Creixomil por uma dessas ondas terríveis de progresso.
Também já li, ou ouvi dizer, algures que o cruzeiro de Polvoreira seria o imponente Cruzeiro de Nossa Senhora do Rosário, popularmente conhecido como o Cruzeiro do Fiado (por, a seus pés, se realizar a feira dos linhos).
É verdade que junto à antiga igreja que se situava em frente à Torre da Alfândega (onde está agora a inscrição “Aqui Nasceu Portugal”, e que era da paróquia de S. Sebastião e não de S. Paio), que foi removida e, pelo menos em parte, levada para Creixomil, se erguia um cruzeiro. Mas não é este, nem o do Fiado o que agora está em Polvoreira. É o Cruzeiro de S. Paio que, segundo o padre António Ferreira Caldas, no seu “Guimarães” (2.ª edição, 1996, p. 386) era “uma coluna alta rematada por um crucifixo, tudo de pedra”, que tinha sido levantado em Maio de 1790 no largo fronteiro à portaria do recolhimento do Anjo e que, no tempo em que o monógrafo escrevia, estava encostado às paredes do recolhimento. Seria, segundo o Padre Caldas, dedicado ao Senhor do Bom Sucesso.
A mudança do local de implantação do cruzeiro que o encostou ao recolhimento do Anjo aconteceu em 1864, no âmbito dos trabalhos de regularização do largo de S. Paio. Quase no final da década seguinte, a 30 de Novembro de 1878, a Junta da Paróquia de S. Paio compareceu em reunião de vereação, que projectava a continuação das obras de renovação do largo de S. Paio, tendo, na ocasião, comunicado a cedência do cruzeiro à Câmara.
Segundo João Lopes de Faria, o cruzeiro de S. Paio ou do Senhor das Ânsias ou do Senhor do Bom Sucesso foi apeado no dia 18 de Fevereiro de 1879, passam hoje 139 anos, tendo estado exposto (apenas a cruz sobre o pedestal, sem a coluna) no cemitério da Atouguia, até que se concluíram as obras da respectiva capela. Mais tarde, foi comprado pela freguesia de Polvoreira, onde hoje se encontra.

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