Igreja de S. Lourenço de Selho. |
S.
Lourenço de Selho, com os seus 44 fogos e uma população abaixo das
duas centenas de habitantes, era, em 1758, uma das freguesias mais
pequenas do concelho de Guimarães. No plano eclesiástico, a
paróquia, juntamente com a de S. Cristóvão de Selho, andava anexa
à de S. Martinho de Candoso, dependendo da Colegiada de Valença do
Minho, integrando
um canonicato de que era proprietário o
Bispo de Constantina, D. José Henriques.
São
Lourenço de Selho
Em
cumprimento de uma ordem do Muito Reverendo Senhor Doutor Provisor
deste Arcebispado de Braga Primaz, em que manda responder a uns
interrogatórios, certifico eu, o padre António Mendes Teixeira,
vigário desta paroquial igreja de S. Lourenço de Cima de Selho,
termo da vila de Guimarães, Arcebispado de Braga Primaz, visita de
Montelongo, que esta minha igreja tem quarenta e quatro fogos,
pessoas de sacramento cento e cinquenta e seis, sete menores.
Está
situada num sítio não muito alto, porém bastantemente descoberto.
Dela se descobre quase toda a freguesia de S. Pedro Fins de
Gominhães, a freguesia de S. Torcato, a freguesia de S. Cosme da
Lobeira, a freguesia de Santa Maria de Atães, parte da freguesia de
S. Romão de Mesão Frio, a freguesia de S. Mamede de Aldão, a
freguesia de S. João de Pencelo, quase circunvizinhas.
Esta
igreja está situada num monte não mui alto, alguma coisa distante
dos lugares. O lugar mais próximo à igreja chama-se a Portela, tem
dois moradores, e, os mais, o lugar de Bouros, dois moradores, o
lugar das Taipas, dois moradores, o lugar das Aléns, o mesmo, o
lugar do Ermo, três moradores, o lugar do Ribeiro dois moradores, o
lugar de Louredo três moradores, um no lugar da Laranjeira, no lugar
de Barregão, um, no Bairro, três, na Ribeira, quatro, na Bouça,
sete, na Boucinha, um, na Venda, um, no lugar da Ponte, oito, no
Vale, um, na Portelinha, um.
O orago
desta freguesia é São Lourenço de Cima de Selho.
Tem esta
igreja quatro altares. O altar maior é de S. Lourenço, nele está
colocado o Santíssimo Sacramento. Os colaterais, o da Senhora do
Rosário e da Senhora da Luz e o do Senhor dos Passos.
Há nesta
igreja três confrarias, a do Santíssimo Sacramento, a da Senhora do
Rosário e a do Santo Nome de Deus.
É esta
igreja vigairaria ad
nutum,
apresenta-a o Excelentíssimo Senhor
Bispo de Constantina.
Andam
arrendados os frutos desta igreja em cento e cinquenta mil réis.
Rende para o pároco um carro de pão meado e doze mil réis em
dinheiro. Os frutos que se dão melhor são milhão e centeio e milho
alvo e painço, feijão, castanha, landre e fruta, pouca.
É esta
freguesia sujeita às justiças da vila de Guimarães, da qual dista
um quarto de légua, de cujo correio se serve, e da, cidade de Braga,
duas léguas e meia e, da Corte de Lisboa, sessenta léguas.
Há nesta
freguesia oito privilégios de Nossa Senhora da Oliveira.
No
terramoto do primeiro de Novembro de mil e setecentos e cinquenta e
cinco ficou livre de dano grave.
Tem esta
freguesia um rio pequeno, que passa sem os moradores se utilizarem
dele, somente de alguns moinhos, que são nove. Tem a sua origem
nestas freguesias circunvizinhas, que já nomeei. Tem, na entrada
desta freguesia, uma ponte, por onde se servem os moradores desta e
muitas mais, a qual está ameaçando ruína, pois já numa enchente
que houve, há coisa de dezoito anos, se lhe foram as guardas que
tinha de pedra. Dá peixes, porém miúdos, por causa de
continuamente caçarem nele os moradores da sobredita vila de
Guimarães.
Não sei
que haja alguma coisa mais digna de memória, conforme me obrigam os
interrogatórios. O que tudo passa na verdade.
Hoje, S.
Lourenço de Cima de Selho, 21 de Abril de 1758 anos.
Em fé do
que me assino com o reverendo abade de S. Pedro Fins de Gominhães e
o reverendo vigário de S. Pedro de Azurém, párocos vizinhos.
Declaro que só confronto com parte da freguesia de São Pedro de
Azurém, a qual fica para a parte do Sul.
O vigário
António Mendes Teixeira.
O abade
António Martins Beleza.
Francisco
Dias de Miranda, pároco de S. Pedro de Azurém.
“S.
Lourenço de Selho”, Dicionário
Geográfico de Portugal
(Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo,
Vol. 11, n.º 328, p. 2241 a 2243.
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