Memórias Paroquiais de 1758: Figueiredo



Num apontamento anotado no final do ano de 1897, quando arquivava uma informação que tinha recebido acerca de Guardizela, Francisco Martins Sarmento registou: “é preciso explorar esta freguesia e a de Lordelo; e também as de S. Paio de Figueiredo e S. Martinho de Leitões - as quatro que ainda não percorri”. A vida já não lhe daria tempo para tais explorações.
Figueiredo, como informa o seu padre na memória paroquial de 1758, “é freguesia pequena”. Já andou anexa a Oleiros, primeiro, e a Leitões, depois. Agora, estas três freguesias formam uma única.


Figueiredo
Freguesia de São Paio de Figueiredo.
1.º Esta freguesia é da Província do Minho, situada no termo da vila de Guimarães e Arcebispado Primaz de Braga.
2.º É vigairaria que apresenta o prior de São Vicente de Fora, da cidade de Lisboa.
3.º Tem cinquenta e três vizinhos, pessoas de sacramento, cento e cinquenta e cinco, casados, vinte e oito, viúvos e viúvas, catorze, solteiros e solteiras, doze, menores, vinte e três, ausentes, dezanove. É freguesia pequena.
4.º Está situada num vale entre Braga e Guimarães e entre dois montes, da parte do Sul o monte de São Miguel e, da parte do Norte, o monte de São Bartolomeu. Distante da cidade de Braga duas léguas e, da vila de Guimarães, légua e meia. E os casais, quase todos, pagam foro à Senhora Rainha, no celeiro do Reguengo de Guimarães. E desta freguesia somente se descobre e avista a vila de Guimarães, que fica para a parte do Nascente, e os montes de Pombeiro e Barrosas.
5.º 6.º É esta freguesia do termo de Guimarães e tem dezassete aldeias pequenas, a saber, Entre-as-Latas, Fonde Vila, Serrado, Anta, Bouça, Corujo, Outeiro, Moinho, Carvalho, Delgado, Maia, Além, Sepielos, Laje, Pedernelo, Rama, Assento.
7.º O orago desta freguesia é São Paio de Figueiredo. A igreja tem quatro altares. O altar-mor é do padroeiro, o senhor São Paio, o segundo, da parte direita, é de São Brás e, no seu dia, há grande romaria. O terceiro altar, que fica à parte esquerda, é de Nossa Senhora da Purificação, e o quarto, que está no meio da igreja, é de Cristo Crucificado. A igreja é pequena, comprida, estreita, de uma nave. Não tem irmandades.
8.º O pároco desta freguesia é vigário ad nutum, que apresenta o prior do Real Mosteiro de São Vicente de Fora de Lisboa. A renda que tem o vigário são onze mil réis, três libras de cera, dois alqueires de trigo e dois almudes de vinho, que lhe pagam os religiosos, e mais o pé de altar e nada mais. E tem um campo que não tem água, que dará, um ano por outro, quinze rasas de pão e uma pipa de vinho. A renda dos dízimos vai para os religiosos de São Vicente de Fora de Lisboa que, um ano por outro, serão duzentos mil réis.
13.º Tem esta freguesia duas ermidas ou capelas. Uma é de São Roque e é confraria de Almas com seu Breve Pontifício e indulgências em todas as segundas-feiras para os irmãos que nela entram, e tem bastantes, assim eclesiásticos, como seculares. Terá esta confraria do Senhor São Roque de rendimento, entre dinheiro e medidas de pão e de vinho, sessenta e tantos mil réis em cada um ano. A outra capela é da Senhora do Livramento e está numa Quinta de um cavalheiro da vila de Guimarães chamado Paulo de Melo e é sua esta capela. Não há mais.
15.º Os frutos que a terra produz em mais abundância vêm a ser milho chamado maís grosso, centeio, milho miúdo e vinho verde, trigo, muito pouco.
16.º Não há juiz ordinário nem espadano. Governa o juiz de fora de vara branca de Guimarães. Nesta freguesia não há homem de distinção assim de letras, armas ou virtude conhecido.
20.º Os moradores desta freguesia se correspondem pelos correios de Braga e Guimarães.
23.º Há águas usuais, sem virtude, todas nascem de pedras e serras.
26.º Pela bondade de Deus, não houve perigo no dia do terramoto.
E não há mais coisa alguma de memória nesta freguesia, a qual dista do rio Ave e Ponte de São João, meia légua, indo para a vila de Guimarães. E suposto não falo a todos os interrogatórios na ordem apontados é por não ter que dizer, nem que a eles responder. Passa na verdade, o que sendo necessário confirmo in verbo sacerdotis. São Paio de Figueiredo, 22 de Maio de 1758.
O vigário Manuel Freire Pedrosa.
O vigário José Rebelo de Matos e Araújo, pároco de S. Martinho de Leitões.
Francisco Rodrigues da Silva Mendes Perigo.
O abade, Diogo Manuel de Lima Melo.

Figueiredo”, Dicionário Geográfico de Portugal (Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo, Vol. 15, n.º 74, p. 469 a 471.

[A seguir: Leitões]

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