É
oficial e já está publicado na página da Comissão Nacional
Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS
– Portugal), o parecer daquela instituição, emitido a pedido da Câmara Municipal de Guimarães, onde se afirma , a
propósito “do novo projecto de parqueamento automóvel de grande
dimensão” em construção no interior do quarteirão da Caldeiroa
que
irá implicar, tal como foi analisado, fortes alterações no interior de todo um quarteirão situado em plena Zona Especial de Protecção do Centro Histórico-Património Mundial. Estas alterações irão ocorrer tanto no subsolo, como no edificado e mancha verde existente, verificando-se, pela análise do projecto e reconhecimento do local, que este poderá provocar a descontextualização, senão mesmo a destruição de elementos com valor cultural e arqueológico. Refira-se que um dos problemas essenciais deste tipo de intervenções é que as alterações que provocam são irreversíveis, ocasionando o desaparecimento de relevantes elementos ou contextos históricos visíveis no presente.
Parecer
que a Câmara Municipal de Guimarães escondeu dos cidadãos (e
eleitores) vimaranenses durante a última campanha eleitoral e cujo
conteúdo e recomendações ignorou olimpicamente. Pelo que se
pergunta: se o parecer era para ignorar, porque é que se pediu? E junta-se outra pergunta: se era considerado
necessário, porque é que só foi solicitado num tempo em que a obra
já se anunciava como irreversível?
Aparentemente,
entrou-se num novo paradigma da gestão municipal vimaranense, em que apenas há ouvidos para elogios e opiniões consonantes com as de
quem detém o poder. Tudo o mais parece ser para ignorar, sejam pareceres técnicos
de organismos independentes de sólida reputação, sejam as opiniões de simples
cidadãos, nomeadamente no âmbito de processos de consulta pública,
como sucedeu com o estudo sobre estacionamento automóvel na área
urbana central de Guimarães, que foi colocado em consulta pública em 22 de Junho do ano passado.
Na altura, respondendo ao convite, em
que se afirmava que a participação dos interessados era “importante
para o Município, sendo sinal de um território cada vez mais
democrático no seu processo de gestão e cada vez mais atento às
circunstâncias e exigências actuais de uma cidade competitiva e de
um concelho atractivo”, usei algumas horas do meu tempo, li o
documento e enviei a minha opinião para o endereço indicado.
Dias depois, recebi uma mensagem gentil do, à altura,
chefe de gabinete do presidente da Câmara, Miguel Sousa, que me
sugeria que aguardasse pela “conclusão do mencionado período de
divulgação e disponibilização para posterior análise conjunta de
todas as participações e eventual realização de reuniões de
esclarecimento entre a Câmara Municipal e os Munícipes
participantes”.
Ao
período de discussão pública, deveria ter-se seguido a entrega da
versão final do trabalho, o que, por imposição contratual, teria
que acontecer antes do mês de Agosto de 2017 ter terminado.
Até hoje, não voltei a ter notícias sobre tal assunto.
Continuarei a aguardar.
Sentado.
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