O Castelo de Guimarães numa fotografia do início do século XX, onde é visível parte do casario que seria demolido. |
No terceiro artigo publicado em 1908 no O Comércio de Guimarães, defendendo o restauro do Castelo de Guimarães, defende-se que não bastava instalar uma "escada de ferro que dê subida à torre de menagem e mandar retirar mesmo dali o depósito da pólvora". Era preciso mais, no entender do articulista, que avança com uma proposta que, infelizmente, veio a ser concretizada anos mais tarde: a demolição do casario que envolvia, e dava vida, ao espaço envolvente do Castelo e do Paço dos Duques de Bragança, para desafogar a vista dos monumentos.
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O Castelo de Guimarães
III
Insistamos
todos, quanto possamos, para que em breve tempo vejamos reparada e restaurada
essa veneranda relíquia — o castelo de Guimarães, de forma que, sem vergonha, a
possamos indicar aos que nos visitam.
Não
basta pôr-lhe uma escada de ferro que dê subida à torre de menagem e mandar
retirar mesmo dali o depósito da pólvora; é preciso mais alguma coisa, como
colocar donde caíram as pedras das suas ameias, fazendo-se-lhe uma grande
limpeza aos excrementos que o enchem, etc.
Essa
obra, que se nos afigura de insignificante preço, será, todavia, de importantíssimo
valor, e mais tarde, quando os recursos pecuniários da Câmara o permitam,
fazer-se um novo quartel para o nosso regimento, tirando ao que está o que
representa obra nova, de forma que este outro monumento nacional fique também
venerado como deve ser.
A
demolição dos casebres, que cercam o castelo de Guimarães e o paço onde está o
regimento, impõe-se também como preciso, alargando-se os espaços que lhes ficam
fronteiros.
Se
bem nos recorda pensou nisto o nosso bom amigo, e não menos bom patriota, o snr.
dr. Joaquim José de Meira, quando foi presidente da câmara.
Com
certeza, se s. exa. não levou a termo esta grandiosa ideia, foi porque viu ser impossível
realizá-la nessa época.
Mas
o tempo tudo pode fazer.
O Comércio de
Guimarães, 21 de Julho de 1808
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