Perspectiva do Castelo de Guimarães antes do restauro da década de 1930. |
Prosseguindo a publicação da série de artigos que saíram em 1908 no O Comércio de Guimarães a propósito do estado em que se encontravam as ruínas do Castelo de Guimarães e da urgência de o ver sujeito a uma intervenção de restauro, reproduzimos agora o que foi publicado no dia 24 de Julho, em que o articulista incita o presidente da Câmara, João Gomes de Oliveira Guimarães, o Abade de Tagilde, a usar da sua influência política para conseguir que o Governo mandasse proceder às reparações que se impunham.
~*~
O
Castelo de Guimarães
IV
O
ilustre presidente da Câmara, um verdadeiro patriota e distinto arqueológo, o
meu filho dilecto como lhe chamava o sábio dr. Martins Sarmento, tem de
intervir com a sua influência perante o seu amigo e parente o snr. dr. Oliveira
Guimarães, que tem assento na Câmara dos Deputados, para que o governo mande
reparar convenientemente o castelo de Guimarães, um monumento histórico de
muito valor.
Reparar,
note-se, mas sábia e convenientemente.
O
nosso modesto jornal faz a s. exa. hoje este pedido, e confiado está em que
será atendido.
Conhecemos
quão custoso é o alcançar-se do poder central qualquer melhoramento, hoje
sobretudo em que se lança o descrédito a todos os pedidos desta natureza,
supondo-se lá no alto não haver a conveniência pública, mas a particular.
Com
a reparação do castelo de Guimarães ninguém terá a ousadia de supor que há nisso
o interesse particular, e, portanto, pode s. exa. muitíssimo bem, não só como
homem de ciência, mas como presidente do município de Guimarães, pedir, impor
mesmo até certo ponto, essa reparação.
O
presidente da Câmara é o mais nosso legítimo representante.
Confiemos-lhe,
sem restrições, a nossa procuração, para vencer causa tão justa.
O Comércio de Guimarães,
24 de Julho de 1908
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