Fotografia de Carlos Mesquita |
Os tambores rufam
sem interrupção – dir-se-ia que o planeta estoira farto de sonho inútil – e do nada,
iluminados a vermelho, brotam
bamboleando e somem-se logo sem
aparência de realidade, o arco
medievo e a mole rendilhada da Sé, para depois a novo clarão
ressurgirem só por momentos com
a abóbada, o Cristo, as colunatas
e os fantásticos recortes de muralha e sombras que tomam
corpo e se amontoam nos vastos fundos onde
o clarão não penetra.
Raul Brandão, A Farsa, cap. III.
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